A Defesa Civil de Maceió afirmou na noite desta sexta-feira (1º) que houve um tremor de terra de magnitude de 0,39, o que mantém o risco iminente do colapso da mina 18 da Braskem, localizada na região do bairro do Mutange.
O órgão diz que o evento sísmico ocorreu a 330 metros de profundidade, mas que a velocidade do afundamento na área não aumentou. De acordo com a Defesa Civil, a mina está afundando 1 cm por hora, um índice menor do que o apresentado na manhã de sexta, que era de 2,6 cm por hora. Três sensores instalados na região apresentam alertas de movimentação.
Na quarta-feira, a Defesa Civil de Maceió alertou que uma mina da Braskem está em risco iminente de colapso. A população que mora próximo à área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo, e a prefeitura decretou estado de emergência por 180 dias.
A situação tem ligação com o afundamento do solo que atinge cinco bairros da capital de Alagoas. O problema começou em março de 2018 e até hoje não foi solucionado. O Serviço Geológico do Brasil, órgão do governo federal, concluiu que as atividades de mineração da empresa em uma área de falha geológica causaram o problema.
Desde então, mais de 60 mil famílias dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol foram realocadas para outros pontos da cidade.
Em nota, a Braskem diz que tem monitorado o local e que dados atuais "demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área dessa mina e que essa acomodação poderá se desenvolver de duas maneiras: um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização; o segundo é o de uma possível acomodação abrupta".
A empresa disse que a área atingida está desabitada desde 2020 e que houve a realocação dos moradores de 23 imóveis localizados na área de risco.
ENTENDA O HISTÓRICO:
ANOS 1970
Governo estadual autorizou em Maceió extração de sal-gema — uma matéria-prima usada na indústria para produção de PVC e também cloro, ácido clorídrico, soda cáustica e bicarbonato de sódio.
A empresa que deu início à atividade foi a Salgema Indústria Químicas de Alagoas, que depois passou a ser chamada de Braskem. Apesar de o órgão ambiental da época não recomendar as extrações, a atividade na região aconteceu a partir de 1975.
2018
Após mais de 40 anos de extração na região, um tremor de terra foi sentido em março de 2018. Na época, também foram registradas rachaduras em casas, fendas nas ruas, afundamentos de solo e crateras, segundo o MPF, sem aparente motivo.
No início, as reclamações partiam do bairro do Pinheiro, mas, no mesmo ano, foram registradas também no Mutange e Bebedouro. No ano seguinte, moradores do Bom Parto também reportaram danos em suas residências.
Após o episódio, foi dado início a uma investigação para entender o que motivou o fenômeno na região.
2019
No ano seguinte, o Serviço Geológico do Brasil (antigo CPRM) concluiu que as atividades de mineração da empresa Braskem em uma área de falha geológica causaram o problema. No laudo, cientistas afirmam que o tremor de terra de 2018 aconteceu em razão do desmoronamento de uma dessas minas.
Segundo o estudo, aquele não foi o único tremor, pois os laudos apontam a existência de outras minas deformadas e desmoronadas. Desde então, o MPF em Alagoas acompanha o caso. Em meados de 2019, ocorreram as primeiras evacuações do local.
Até então, havia 35 poços de extração em área urbana. Os poços estavam pressurizados e vedados, porém a instabilidade das crateras causou danos ao solo, que foram visíveis na superfície.
Desde então, mais de 60 mil famílias dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol foram realocadas para outros pontos da cidade. Após o laudo que apontou a exploração como responsável pela instabilidade da região, foram fechadas 35 minas da região de Mutange e Bebedouro.
2023
Na quarta-feira (29), após novos tremores serem sentidos na região, a Defesa Civil emitiu um alerta em que afirma que a mina de número 18 Braskem está em risco iminente de colapso.
De acordo com o órgão, a população que mora próximo à área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo, e a prefeitura decretou estado de emergência por 180 dias.
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