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Maioria dos diretores de escolas estaduais no Brasil não possui formação em gestão

Maioria dos diretores de escolas estaduais no Brasil não possui formação em gestão

Pesquisa do Observatório de Educação do Instituto Unibanco também aponta que houve um aumento de profissionais com formação em gestão

Publicado em 16 de julho de 2024 às 08:15

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Sala de aula
Maioria dos diretores de escolas estaduais no Brasil não possui formação em gestão. (Reprodução/Governo Federal)

A maioria dos diretores de escolas estaduais no país não possui formação em gestão escolar. O levantamento é do Observatório de Educação do Instituto Unibanco, com base em informações do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) e do Censo Escolar.

Houve, porém, um aumento nos últimos anos. Em 2020, cerca de 9,4% dos profissionais do Brasil possuía formação em gestão concluída, passando para 20,1% em 2023.

A pesquisa não diz, contudo, se essa mudança ocorreu devido à entrada de novos diretores já com essa formação ou se as redes estaduais promoveram ações para aumentar o percentual.

Em 2020, Rondônia e Acre tinham entre 30% e 40% dos diretores com esse tipo de formação (os percentuais foram citados em faixas). Acre, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Ceará e Sergipe tinham entre 20% e 30%. Todos os outros apareciam com menos de 10%.

Já em 2023, o Piauí tinha ao menos 90% dos profissionais com formação em gestão, seguido de Distrito Federal (entre 40% e 50%). Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Espírito Santo, Maranhão, Ceará, Sergipe e Pernambuco tinham entre 30% e 40%. O restante tinha menos de 10%.

No Brasil, o perfil médio de capacitados em gestão é o de uma mulher branca, com pelo menos 50 anos de idade, formada em algum curso na área de educação distinto de pedagogia.

Quanto à graduação, 33,6% dos diretores haviam cursado pedagogia em 2011, primeiro ano com dados levantados nesse quesito, enquanto 48% eram profissionais licenciados em diversas áreas. Em 2023, 38% eram formados em pedagogia e 55,2% tinham cursado outras áreas da educação.

O estudo também mostra que a maioria dos diretores é branca e que ocorreu uma diminuição do total de pretos e pardos desde 2011. À época, havia 33% de pardos e 6% de pretos. Em 2023, 25% de pardos e 4% de pretos. Brancos eram 56% e passaram para 50%.

Foi observado no período, no entanto, um crescimento de pessoas que não fizeram sua declaração racial. Isso pode ter refletido nos dados, os tornando pouco confiáveis.

O gênero dos diretores também foi levantado. Desde 2011, a maioria é formada por mulheres. Há, porém, crescimento contínuo de homens no cargo. No primeiro ano computado, 24% dos profissionais eram do sexo masculino. No último, 33%. A presença de mulheres caiu de 76% para 66%.

João Marcelo Borges, um dos gerentes do Instituto Unibanco, diz que esse é um recorte importante da pesquisa e requer observação. Isso porque o crescimento da presença de homens no posto condiz com outro dado: mais diretores da rede estadual de educação estão chegando ao cargo por meio de processo seletivo e eleição da comunidade escolar, não por indicação política --modelo tradicional no país.

O percentual, que era de 12,7% em 2019, chegou a 26,1% em 2023.

"Temos que observar se essas seleções estão sendo justas, não machistas e beneficiando profissionais do sexo masculino. É sempre um perigo", afirma Borges.

O levantamento também mostra questões sobre o exercício da profissão, como aumento da carga horária de trabalho. Esta, segundo os pesquisadores, foi especialmente impactada pela pandemia de Covid-19. Em 2021, mais de 60% dos diretores brasileiros afirmaram trabalhar acima das 40 horas semanais. Antes da pandemia, o percentual chegava em 42%.

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