O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mudou de discurso e, alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, criticou as decisões de estados do país quanto à adoção de quarentena para evitar a propagação do novo coronavírus.
Temos que melhorar esse negócio de quarentena, não ficou bom, disse Mandetta, durante a divulgação do número de 57 mortos e 2.433 casos confirmados da covid-19 no Brasil.
Mandetta, que muitos achavam que até poderia deixar o cargo por causa da pressão de Bolsonaro pelo retorno das pessoas às ruas, procurou dizer que sua preocupação é com a saúde e a vida das pessoas e que as quarentenas impostas pelos Estados têm prejudicado, inclusive, o trabalho médico.
Ele não deixou de ressaltar, porém, os problemas econômicos que a situação pode gerar e chegou a citar, inclusive, que se reabram templos e igrejas para as pessoas rezarem. Que fiquem abertas, só não se aglomerem. Fé é elemento de melhora na alma, no espírito, disse.
Em sua fala, Mandetta disse que fica no cargo e só sai quando o presidente achar que ele não serve ou se ficar doente.
O ministro disse defender critérios de quarentena baseados em patamares de números de casos de cada estado. Assim, medidas poderiam ser tomadas de acordo com o avanço da doença.
Em pronunciamento na noite desta terça-feira (24), Bolsonaro criticou o fechamento de escolas e do comércio, contrariou orientações dos órgãos de saúde e atacou governadores.
Segundo pesquisa Datafolha, o ministério que Mandetta coordena é mais bem avaliado que o presidente da República na crise do coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou nesta quarta-feira (25) um plano humanitário para apoiar países mais vulneráveis à pandemia de coronavírus e voltou a reforçar a importância de o mundo adotar medidas de quarentena e isolamento social para conter a transmissão do vírus, que tem se acelerado nas últimas duas semanas.
Formado por seis pontos, o plano global orienta o aumento dos testes de coronavírus a todos os suspeitos, reforça o isolamento social de toda a comunidade e o cancelamento de eventos de massa e de viagens internacionais.
Um estudo de Singapura mostrou que adotar múltiplas interdições sociais - incluindo o fechamento de escolas - terá o maior impacto na contenção da covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Colocar pessoas infectadas e seus familiares em quarentena, fechar escolas e impor distanciamento em ambientes de trabalho e no teletrabalho podem limitar a disseminação, revelou o estudo, mas uma combinação de todos os três é o mais eficaz para diminuir os casos.
Uma reportagem sobre os resultados do estudo foi publicada pela Agência Brasil nesta terça-feira (24). A agência é um dos veículos de divulgação do próprio governo federal.
Com informações de agências
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