Politicamente abandonada pelo próprio partido, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) oficializou nesta quinta-feira (28) sua candidatura independente à presidência do Senado.
O anúncio acontece após a sinalização do MDB de que vai concluir ainda nesta quinta a negociação para compor a chapa de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato apoiado pelo atual presidente da Casa, DAvi Alcolumbre (DEM-AP), e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A retirada do apoio a Tebet consolida o favoritismo de Pacheco, que já contava com apoio suficiente para atingir os 41 votos necessários para vencer a disputa -desconsiderando possíveis traições.
Alcolumbre e o líder da bancada do MDB, Eduardo Braga (MDB-AM), vão se reunir nesta quinta para acertar os detalhes. O presidente do Senado ofereceu ao MDB a vice-presidência da Casa, como havia adiantado o Painel. Também fazem parte da oferta a segunda secretaria e o comando de duas comissões.
Tebet decidiu anunciar sua candidatura antes mesmo da decisão da sua bancada.
"Hoje [quinta] na hora do almoço eu recebi um telefone oficial do líder da bancada do MDB no Senado, senador Eduardo Braga, me liberando de qualquer compromisso, uma vez que eles ainda estão em tratativas ainda não encerradas com o presidente Davi Alcolumbre sobre cargos e proporcionalidade do MDB numa possível composição", disse ela, em entrevista a jornalistas no Senado.
A senadora evitou fazer críticas a seu partido, mas deixou em aberto a possibilidade de abandonar a sigla, a partir de março. Tebet, no entanto, não afirmou que se trataria de ressentimentos com a decisão da bancada na disputa pelo Senado e sim que poderia sair por "questões regionais".
Ela também apresentou duras críticas a Bolsonaro por conta da ingerência do Palácio do Planalto na eleição do Congresso. Disse que a "independência" do Senado está "comprometida" e querem transformar o Senado em um "apêndice do Executivo".
"Hoje, a independência do Senado Federal está comprometida, comprometida pela ingerência porque temos um candidato oficial do governo federal e isso é visível diante da assertiva e dos anúncios feitos por colegas em relação à estrutura, ao apoio e a ministros pedindo apoio para o candidato oficial do governo."
"Veio o jogo de quererem transformar o Senado em um apêndice do Executivo e, dentro disso, vocês podem interpretar da forma que bem entenderem", completou.
Tebet também pediu uma união de esforços para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, afirmando que existe um "confuso cronograma" de vacinação. Também defendeu a prorrogação do auxílio emergencial, mas dentro do teto dos gastos.
No mesmo dia em que anunciou que vai continuar na disputa, mas agora de maneira independente, apoiadores da senadora lançaram suas próprias candidaturas em ato de protesto contra as negociações em curso.
Lasier Martins (Podemos-RS) afirma que sua candidatura será protocolada ainda nesta quinta-feira.
"Será uma anticandidatura. Vou usar a minha fala para dizer algumas verdades, vou mostrar como o Senado está aviltado", disse à reportagem.
Lasier ainda avalia se vai levar sua candidatura até o momento da votação ou se pretende apenas usar o tempo de discurso em plenário destinado aos candidatos. "Vou avaliar a evolução dos acontecimentos, como estará a conjuntura."
O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) também é pré-candidato à presidência do Senado, mas vinha afirmando que poderia desistir se sua candidatura atrapalhasse Tebet –em quem afirma que irá votar. Agora, diz ele, vai até o final da eleição, também para usar a tribuna para criticar seus pares.
"Apenas duas motivações eu passo a ter: ir com minha candidatura até o fim para apoiar a Simone e, segundo, para ser solidário a uma mulher séria e digna, traída por um partido tão sujo como esse. Tem pessoas boas dentro do partido, mas na essência, na hora do jogo eleitoral, ele é um chiqueiral."
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