A executiva nacional do MDB oficializou nesta terça-feira (24) a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República, para concorrer em nome de um grupo de partidos da chamada terceira via.
O aval é mais um passo para alavancar o nome, mas não encerra as resistências que a parlamentar ainda vai enfrentar para consolidar a candidatura dentro do seu próprio partido.
A decisão foi tomada durante reunião da executiva nacional, presidida em Brasília pelo presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi (MDB-SP). O presidente da legenda disse que a candidatura de Tebet conta com apoio de 90% da cúpula.
Os outros partidos ainda remanescentes na aliança, o Cidadania e o PSDB, ainda precisam aprovar o nome de Simone Tebet, o único ainda em discussão no bloco.
O movimento emedebista acontece um dia após a desistência do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) da disputa.
MDB, PSDB e Cidadania tratam há meses do lançamento de um único candidato no campo da terceira via, reunindo em uma só chapa verbas de campanha e tempo de televisão.
A União Brasil também integrava o bloco, mas decidiu seguir sozinha por avaliar que os partidos ainda enfrentavam muitas divergências para encontrar o consenso.
Mais bem colocado numericamente nas pesquisas de intenção de voto e vencedor das prévias internas do partido, João Doria enfrentava resistência dos demais partidos e se viu abandonado pelo próprio PSDB. Saiu da corrida, abrindo o caminho para que Simone Tebet seja o nome da chamada terceira via.
A oficialização de Tebet pelo MDB é mais um passo nos planos da cúpula do partido, em uma longa batalha com caciques do partido.
Em dezembro, a executiva nacional do MDB havia lançado oficialmente a pré-candidatura de Simone Tebet em grande evento no dia 8 de dezembro ainda antes das negociações para unificação da terceira via.
A nova chancela da direção, agora no âmbito do bloco político, é o primeiro passo para lançá-la na disputa, mas a candidatura só será oficializada na convenção que será realizada entre julho e agosto.
"A reunião de hoje serviu apenas para demonstrar que há esmagadora maioria do MDB que defende a candidatura própria da senadora Simone Tebet", afirmou Baleia Rossi após a reunião, acrescentando que não é possível atingir unanimidade, mas que calcula que 90% da executiva se posicionou favoravelmente à candidatura.
O presidente do MDB foi questionado pela reportagem se ele garantia que o nome de Simone Tebet estaria nas urnas eletrônicas em outubro, mas ele evitou transformar a sua resposta em um compromisso pessoal.
"Nós garantimos", respondeu, apontando para outros membros da executiva e do partido que estavam na mesa para entrevista a jornalistas.
"O MDB tem respeito à diversidade. E essa não é uma garantia do Baleia Rossi. É daqueles que militam no MDB. Vamos dar publicidade a todos os depoimentos [favoráveis à candidatura] que tivemos hoje. A nossa crença é que não vamos debater pessoas, temos que debater o Brasil. E o MDB apresenta com larga maioria na sua executiva o nome da senadora Simone Tebet como pré-candidata a presidente", respondeu.
Apesar de contar com o apoio da cúpula do seu partido e de vários diretórios regionais, Simone Tebet ainda vai precisar se consolidar para que seja oficializada na convenção do MDB. Adversários de sua candidatura e mesmo aliados apontam que ela vai precisar crescer nas pesquisas nos próximos dois meses para não precisar recuar.
"Eu acho que a candidatura da Simone não se justifica pelo desempenho nas pesquisas. Se houver mudança efetiva, uma fotografia diferente desse cenário eleitoral, tudo bem. O que o MDB quer é ter candidato competitivo, que ajude a alavancar palanques estaduais", afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), na segunda-feira (23).
"Mas é muito difícil que ela suba nas pesquisas, porque as eleições estão polarizadas. Só é possível crescimento da terceira, quarta ou quinta via com a queda de Lula ou Bolsonaro", completa.
Renan não participou da reunião da executiva nacional. Também não participaram outros nomes que se mostram contra a candidatura própria do partido, como o senador Marcelo Castro (MDB-PI) e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE).
A maior parte dos membros da executiva participaram da reunião remotamente. Estiveram na sede da Fundação Ulysses Guimarães, em Brasília, nomes como o senador Confúcio Moura (MDB-RO), o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) e o deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ). Todos teriam manifestado apoio à candidatura. A reportagem não conseguiu contato com Otoni de Paula por teleofne para confirmar sua fala.
Nos bastidores, comenta-se que bolsonaristas estariam apoiando Tebet justamente para impedir que o partido penda para o lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em caso do fim da candidatura própria.
Um dos políticos que enviou áudio em apoio à Simone Tebet para a reunião da Executiva foi o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
"Eu quero nesse momento da reunião da executiva nacional reiterar, reforçar a minha alegria de ter a nossa Simone Tebet candidata à presidente da República, a candidata que surgiu de todas as ações do núcleo do partido, que saiu da base do partido e foi construindo a sua candidatura dentro do seio MDB. É muito importante agora toda a nossa união, esforço, porque a Simone é o caminho do centro democrático, é o que o país precisa. Não precisa de polarização" afirmou.
Outra figura de destaque do partido que manifestou apoio foi o ex-senador Romero Jucá (RR).
No mesmo dia da reunião da executiva nacional, o ex-presidente Michel Temer divulgou nota para negar que seja candidato pelo MDB.
"Não sou o candidato da terceira via. Sou e sempre serei candidato a juntar os contrários em busca do bem comum. Sou e sempre serei candidato ao debate franco para que as diferenças sejam assimiladas pelo diálogo. Sou e sempre serei candidato a defender a pacificação do Brasil", informou.
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