Em pronunciamento natalino, transmitido em cadeia nacional de rádio e de televisão, o presidente Jair Bolsonaro exaltou nesta terça-feira (24) medidas de seu primeiro ano de mandato, disse que acabou o viés ideológico nas relações comerciais e ressaltou que o ano acaba "sem qualquer denúncia de corrupção".
O discurso foi gravado no Palácio do Alvorada e feito ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que vestia uma camiseta vermelha com a inscrição: "Jesus". Na fala de menos de três minutos, ele também adotou um discurso religioso, ressaltando que hoje o país tem um presidente que acredita em Deus.
"A esperança voltou ao Brasil em 2019", disse. "Nós estamos terminando 2019 sem qualquer denúncia de corrupção, o mundo voltou a confiar no Brasil, o viés ideológico deixou de existir em nossas relações comerciais", acrescentou.
Bolsonaro disse ainda que sabia que não seria fácil exercer o cargo de presidente, uma vez que, segundo ele, assumiu em meio a uma "profunda crise ética, moral e econômica". Ele citou, entre as suas realizações, queda nos índices de criminalidade e números positivos na economia. Ele não fez menção, porém, à reforma previdenciária.
"Números positivos da economia, queda dos índices de criminalidade, 13º salário do Bolsa Família, medida provisória da liberdade econômica, sucessos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e no agronegócio e obras feitas por batalhões do Exército demostram os novos rumos do país", disse.
Em uma breve declaração, a primeira-dama desejou um "Natal abençoado" e desejou que o governo de seu marido possa construir um Brasil "mais justo, inclusivo e solidário a todos". Evangélica, Michelle tem ajudado no governo na elaboração de projetos sociais, sobretudo vinculados a pessoas com deficiência.
Apesar da declaração do presidente, de que não houve episódios de corrupção, integrantes de sua equipe ministerial foram envolvidos em denúncias de irregularidades. Em outubro, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais sob acusação de envolvimento no esquema de candidaturas de laranjas do PSL, caso revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.
Em depoimento à Polícia Federal, Haissander Souza de Paula, assessor parlamentar do ministro à época, disse achar que parte dos valores depositados para as campanhas femininas da sigla, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Álvaro Antônio e de Bolsonaro.
Outro ministro de Bolsonaro, Ricardo Salles (Meio Ambiente), teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça no mês passado, a pedido do Ministério Público, que o investiga sob suspeita de enriquecimento ilícito no período em que trabalhou no governo Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo.
Neste período, o patrimônio do atual ministro passou de R$ 1,4 milhão, em 2012, para R$ 8,8 milhões em 2018. Salles diz não ter receio sobre a análise de dados e disse anteriormente que seu patrimônio evoluiu por conta de um investimento bem feito.
Em novembro, o Ministério Público do Rio de Janeiro abriu um terceiro inquérito para investigar denúncias de irregularidades no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho do presidente, quando o hoje senador era deputado estadual do Rio de Janeiro.
Na semana passada, o Ministério Público deflagrou operação que teve Flávio como alvo. A suspeita é de um esquema conhecido como "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa no período em que ele manteve o policial militar aposentado Fabrício Queiroz como seu empregado.
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