Acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de ter "extrapolado" no combate à pandemia do coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não pretende deixar o cargo. A ordem no ministério é ignorar as falas do presidente e manter o foco no trabalho.
Nesta sexta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a defender de forma veemente o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, garantindo que ele tem o apoio de toda a sociedade - "do Parlamento nem se fala", enfatizou.
Para Maia, a despeito de todos os ataques que o ministro vem sofrendo do presidente Jair Bolsonaro, Mandetta é um homem de responsabilidade e não vai pedir demissão, neste momento de pandemia do coronavírus que o país atravessa. "Mandetta não vai pedir o boné mesmo com toda a adversidade."
O presidente da Câmara destacou que se o mandatário preferir ouvir quem quer o cargo do ministro de forma oportunista, será uma decisão política, mas o presidente sabe da importância de Mandetta e sabe que o seu trabalho é reconhecido pelos brasileiros. "Mesmo sendo desautorizado, Mandetta cumpre papel fundamental baseado na ciência e é fundamental que ele não saia da condução dessa crise."
Para Maia, apesar das bravatas de Bolsonaro, ele não tem coragem de tirar Mandetta e mudar a política que o ministro vem conduzindo no Ministério da Saúde. "Toda vez que Bolsonaro vem a público criticar Mandetta, mais atrapalha do que ajuda. Mandetta tem tranquilidade para não sair do trilho por pressão do presidente." E ironizou: "Covid-19 não é uma gripinha, Alcolumbre (presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que testou positivo para o coronavírus) vai dar um depoimento sobre isso."
Em entrevista à rádio Jovem Pan na quinta-feira 92), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que está "faltando humildade" ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e disse que gostaria de determinar a reabertura da atividade comercial no país, mas que ainda não tem apoio popular suficiente para dar uma "canetada".
"O Mandetta quer fazer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo. Pode ser. Mas está faltando um pouco mais de humildade para ele, para conduzir o Brasil neste momento difícil que encontramos e que precisamos dele para vencer essa batalha", afirmou.
Bolsonaro também disse que o ministro "extrapolou" no enfrentamento da pandemia do coronavírus e teria, em alguns momentos, que "ouvir mais o presidente da República".
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