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Michelle intervém, e Damares anuncia candidatura ao Senado pelo DF

Michelle intervém, e Damares anuncia candidatura ao Senado pelo DF

Com o apoio da primeira-dama, ex-ministra da Mulher decide voltar à disputa, duas semanas após ter desistido a pedido do presidente Jair Bolsonaro

Publicado em 5 de agosto de 2022 às 15:53

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  • THAÍSA OLIVEIRA, MATHEUS TEIXEIRA E JULIA CHAIB

BRASÍLIA - Depois de uma intervenção da primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro, a ex-ministra da Mulher Damares Alves (Republicanos) anunciou nesta sexta-feira (5) que vai disputar o Senado pelo Distrito Federal. A mudança acontece duas semanas depois de ela retirar sua candidatura e abrir caminho para a deputada federal Flávia Arruda (PL), em um acordo fechado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Numa tentativa de acomodar os aliados no DF, Bolsonaro havia negociado o apoio dele à reeleição do governador Ibaneis Rocha (MDB) e à candidatura do ex-governador José Roberto Arruda (PL) à Câmara dos Deputados, não ao governo do DF.

Para fechar o arranjo, a candidatura de Damares ao Senado seria sacrificada pelo presidente naquele momento em prol da ex-ministra da Secretaria de Governo Flávia Arruda - esposa de José Roberto Arruda. Neste ano, só há uma vaga em disputa ao Senado para cada unidade da federação.

Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves
Damares Alves conseguiu o aval do presidente da República e da primeira-dama para concorrer ao Senado. (Pedro Ladeira / Folhapress)

A negociação, porém, desagradou a primeira-dama. Lideranças políticas afirmam que Michelle conseguiu o aval do presidente para que Damares disputasse o Senado - colocando em xeque o acordo feito por ele. Na prática, interlocutores do mandatário dizem que ele não deve fazer campanha para nenhuma das ex-ministras. Damares afirmou que Bolsonaro "deixará essa decisão para as urnas".

"Tanto eu como a Flávia não seríamos irresponsáveis de colocar o presidente da República na parede. O presidente tem que cuidar da campanha dele. Ele tem que ganhar a eleição. Então, o presidente da República não vai se envolver na campanha local. Não vai", afirmou a ex-ministra da Mulher.

"E, assim, não é que o presidente pediu para eu recuar. Se eu dissesse 'Eu fico' [em julho], ele respeitaria. O presidente entende que eu tenho o direito de ser candidata e ele sabe que eu viria com propostas muito concretas. O presidente, quando soube que eu voltei para o páreo, ele simplesmente disse: tudo bem. Apoio. Seja o resultado que as urnas desejarem. Ele está muito confortável, ele tem duas."

Damares Alves afirmou que Michelle Bolsonaro estará com ela durante a campanha. Após o anúncio, a primeira-dama participou da convenção regional do Republicanos na sede do partido, em Brasília.

"Nós queremos fazer uma bancada pró-vida no Senado Federal. E ela com certeza vem. Vem para apoiar, vem para ajudar, vem para pedir voto. Vem para estar comigo. Porque não é só a Damares, é a bancada pró-vida. É pelas pessoas com deficiência, pelas crianças, que nós queremos construir e trabalhar muito no Senado Federal."

O presidente do Republicanos-DF, Wanderley Tavares, disse que a candidatura de Damares será avulsa e que o partido apoiará a reeleição de Ibaneis Rocha. O candidato a suplente da ex-ministra será o presidente da União Brasil-DF, Manoel Arruda.

"Eu achei o gesto da Damares [de recuar] fantástico porque ela foi grata e a gratidão é a virtude intrínseca do caráter cristão. A Damares está aqui porque o Bolsonaro existe. Eu quero agradecer o presidente Jair Bolsonaro por ter procurado harmonizar o palanque dele aqui em Brasília. Unificar o projeto dele", afirmou Tavares.

"Após o anúncio dessa nova chapa, sem a Damares, a conjuntura política indicou que o palanque que o presidente estava imaginando em Brasília não estava funcionando para ele porque estava pedindo voto para todos, menos para Bolsonaro. No fundo, o presidente Bolsonaro nunca quis tirar a Damares. Porque a Damares é do coração dele. É a fiel escudeira dele. E provou isso no dia em que ele pediu para ela. E ele pediu para ela desistir de um sonho."

O movimento para que Damares voltasse a disputar o Senado também envolveu o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que foi secretário de segurança pública de Ibaneis Rocha. Anderson Torres trabalhou nos últimos dias para que o partido dele, a União Brasil, apoiasse o governador do DF e Bolsonaro.

A legenda declarou apoio ao presidente na quarta (3), desagradando o senador Reguffe (União Brasil), que negociava internamente para disputar o governo local. Na quinta (4), a candidatura de Reguffe a governador foi anunciada pelo partido durante a convenção regional, mas ele recuou e disse que não tinha autonomia.

"Tínhamos o compromisso [com Reguffe] até ontem à noite. Até o momento da convenção. A partir do momento em que ele não se lança [a governador], o partido entende que ele desiste da candidatura e retira o apoio a esse pleito. O nosso compromisso aqui é de coligação com o partido Republicanos e apoio à senadora Damares ao Senado.", afirmou o presidente do partido do União Brasil-DF, Manuel Arruda.

Uma semana antes do acordo fechado por Bolsonaro com os Arruda, a pré-candidatura de Damares ao Senado chegou a ser anunciada na chapa de Ibaneis Rocha em um evento com a presença do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas). A deputada federal Celina Leão (Progressistas) será a candidata a vice-governadora do emedebista.

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