SÃO PAULO - O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (4) em São Paulo que as forças militares foram politizadas por uma má liderança e fizeram "um papelão" em comissão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) durante as eleições de 2022.
A declaração foi dada durante evento promovido pela Faculdade de Direito da PUC-SP e pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto, no teatro Tuca, na zona oeste de São Paulo. O evento tinha como mote a democracia inclusiva.
Barroso fez diversas críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sem citá-la diretamente, como a não demarcação de terras indígenas, a paralisação do Fundo Amazônia e o negacionismo durante a pandemia. "Nada do que estou falando é uma opinião. Tudo que estou falando são fatos objetivos".
Ele definiu a politização das Forças Armadas como "uma das coisas mais dramáticas para a democracia".
"Foram manipulados e arremessados na política, por más lideranças, fizeram um papelão no TSE. Convidados para ajudar na segurança e para dar transparência, foram induzidos por uma má liderança a ficarem levantando suspeitas falsas", disse, o que definiu como deslealdade.
Barroso, em tópico da palestra sobre ameaças à democracia, citou o risco de golpe no Brasil.
"As investigações vão revelando que tivemos mais próximo do que pensávamos do impensável. Nós achávamos que já havíamos percorrido todos os ciclos do atraso institucional para termos que nos preocuparmos com ameaça de golpe de estado", disse
Entre os pontos citados por ele, estão uso da inteligência para perseguir adversários, incentivo a acampamentos golpistas, desfile de tanques na Praça dos Três Poderes e ataques à imprensa.
"[Isso acabou] culminando no 8 de janeiro [de 2023], que não foi um processo espontâneo, foi uma articulação", disse. O ministro afirmou, porém, que as instituições venceram.
Após a palestra, Barroso falou sobre as críticas aos militares. "Ressaltei o papel exemplar que as Forças Armadas desempenharam nos 35 anos da democracia brasileira cumprindo funções constitucionais e fora da da política. E um dos pontos, que eu acho que nós já estamos superando, foi o que todos consideraram indevida politização das Forças Armadas e que depende menos da instituição e mais da liderança", disse.
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