O Ministério da Saúde analisa se dez mortes no país foram causadas pela hepatite de origem desconhecida, a hepatite misteriosa. Segundo a pasta, as vítimas são do Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo. Elas estavam entre os 96 casos sob investigação.
Pelo menos 19 estados têm registros de pacientes com sintomas da doença. Até o momento, dez transplantes foram realizados. O ministério ressalta que não há casos confirmados da doença no país.
São Paulo é o estado com o maior número de casos em análise: 32. Eles foram registrados em 21 cidades, sendo quatro da região metropolitana (Diadema, Embu-Guaçu, Itapevi e São Bernardo do Campo).
Os sintomas da doença incluem febre, icterícia (pele amarelada), convulsões, perda de consciência, urina escura ou fezes claras, dores nas articulações e dores musculares, náuseas, vômitos ou dor abdominal, perda de apetite e prurido (coceira em diferentes pontos da pele sem razão aparente).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que há 920 casos prováveis da doença em 33 países, além de 18 mortes e 45 transplantes. O documento emitido pelo Ministério da Saúde também diz isso usando os dados da organização, da mesma maneira que indica terem havido 10 transplantes e 10 mortes no país. Para a OMS, não há casos de hepatite misteriosa no mundo porque a organização nem sequer indica diretrizes para que um caso possa ser considerado confirmado. O mais próximo disso são os casos prováveis.
A organização indica que a doença oferece risco moderado em nível global, embora trate todos os casos como prováveis. A justificativa é a dificuldade de determinar a causa da doença e o modo de transmissão - não é possível descartar que a hepatite misteriosa seja transmitida de uma pessoa para outra. O número de casos pode ser ainda maior devido às diferenças na maneira como os países coletam informações.
Os dados a respeito do sexo biológico dos pacientes é um exemplo disso. Apenas 45% dos casos prováveis indicavam o sexo biológico das pessoas com sintomas. O último relatório sobre a doença publicado pela organização indicava que a maior parte dos infectados é do sexo feminino. O mesmo se dá em relação à idade dos pacientes. Os dados apontam que a maior parte das crianças (78%) com provável hepatite misteriosa tem menos de 6 anos.
Os primeiros casos da doença foram notificados no dia 5 de abril deste ano, quando ao governo do Reino Unido notificou a OMS da existência de dez casos de hepatite de origem desconhecida na Escócia. Todos os pacientes tinham menos de 10 anos. Atualmente, o Reino Unido tem 267 casos da doença classificados como prováveis.
Os EUA são o país com maior número de casos prováveis, um total de 305. Japão e México têm 58 casos cada um, e a Itália, 34. Alguns países e organizações de saúde adotam classificações distintas da OMS.
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por infecções virais e até por consumo excessivo de álcool, assim como alguns medicamentos e substâncias tóxicas. Existem cinco vírus conhecidos que causam a hepatite: A, B, C, D e E. Além destes, há a hepatite autoimune, em que o próprio sistema imunológico do corpo ataca o fígado. No caso da hepatite misteriosa, como também é conhecida, o agente causador não foi identificado.
A agência de saúde britânica e a OMS investigam se uma mudança no genoma do adenovírus pode ser a causa da doença. O adenovírus é o vírus responsável pelo resfriado comum, gripes e até problemas intestinais e estomacais. A relação com o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, não foi descartada.
Na Europa, dos 371 casos da doença que foram testados para presença do adenovírus, 203 tiveram resultado positivo, o equivalente a 55%. No caso do Sars-CoV-2, foi registrado em 15% das amostras, somando 47 pessoas infectadas.
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