BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chamou nesta quarta-feira (27) as pessoas que defendem a liberação das drogas de "vermes" e sugeriu um vermífugo contra elas porque "talvez mate essa gente".
"O Arnaldo [Correia de Medeiros, secretário do ministério] falou que o uso de drogas é uma das causas mais prevalentes da hepatite C. Nós somos contra o uso de drogas, embora haja pessoas que estão defendendo isso: liberação das drogas. Para esses vermes, nitazoxanida. Talvez mate essa gente", afirmou.
A declaração ocorreu durante o lançamento da campanha nacional de combate às hepatites virais, em Brasília.
A nitazoxanida é um antiparasitário conhecido também pelo nome comercial, Annita. O vermífugo fazia parte do chamado kit Covid – conjunto de substâncias sem eficácia contra o coronavírus (que é um vírus, e não um verme) e defendido pelo governo Bolsonaro.
Há duas semanas, a cantora Anitta pediu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a legalização da maconha em um eventual novo governo. A artista declarou apoio ao petista para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Durante o evento desta quarta, Queiroga também rebateu as críticas pela atuação do ministério no combate à varíola dos macacos (monkeypox) e à Covid-19 e, em tom de campanha, citou trechos da Bíblia.
"Quer dizer que há três meses começamos a nos preparar para essa questão da monkeypox? E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", disse, ressaltando que quatro laboratórios públicos fazem o diagnóstico da varíola dos macacos.
Nesta terça (26), a líder técnica para varíola dos macacos da OMS (Organização Mundial da Saúde), Rosamund Lewis, disse em entrevista coletiva que "a situação do Brasil [para a doença] é preocupante".
Também nesta terça-feira (26), o presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde), Nésio Fernandes, afirmou que a resposta do país à nova doença é "protocolar" e pode ser "insuficiente" nos próximos meses.
Queiroga também rebateu as críticas feitas à elevada taxa de mortalidade de crianças por Covid-19 e ao atraso na vacinação infantil.
"'Ah não, mas as crianças estão todas morrendo de Covid.' Nesses últimos dois anos, a Covid, como uma pandemia, é a principal causa de óbitos. Os óbitos em crianças aconteceram, sobretudo, na primeira onda e na segunda onda. Depois houve a ômicron, que também houve óbitos. Cai os casos, cai os óbitos. 'Ah, a cada dois dias morre uma criança.' Os óbitos foram concentrados nas ondas e nós estamos tomando as medidas", disse.
"Vacinação de crianças de 5 a 11 anos. 'Ah, o ministro atrasou as vacinas de 5 a 11 anos porque fez uma audiência pública.' Imagina se tivesse feito uma audiência secreta. Porque foi pública para todo mundo ver. Foram lá e me denunciaram ao STF [Supremo Tribunal Federal]. Sabe o que aconteceu com a denúncia? Arquivada. Porque é um embuste."
O governo Bolsonaro desestimulou os pais a vacinarem os filhos e chegou a fazer uma audiência pública sobre o tema mesmo após o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ao uso da vacina da Pfizer nas crianças de 5 a 11 anos.
Em dois anos, as mortes de crianças de até cinco anos por Covid-19 foram mais do que o triplo das causadas, em uma década, por outras 14 doenças que podem ter mortalidade evitada por vacinação e outras ações de saúde.
O ministro também afirmou que o ministério usou a família do personagem Zé Gotinha nas campanhas de vacinação porque "o governo defende as famílias" e encerrou sua fala com mais uma referência à bíblia.
"'Ah, o ministério não tem campanha [de vacinação]'. Só com campanha de vacinação para a Covid, foram gastos R$ 175 milhões. 'Zé Gotinha está aposentado, esconderam o Zé gotinha'. Tem uma família de Zé Gotinha inteira. Vovô Gotinha, vovó, mamãe, papai. Até porque este governo defende as famílias."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta