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Mocidade, Mangueira e Viradouro se destacam em segunda noite na Sapucaí

Mocidade, Mangueira e Viradouro se destacam em segunda noite na Sapucaí

Espetáculo teve como marca a animação do público no sambódromo, cantando o samba-enredo das agremiações

Publicado em 13 de fevereiro de 2024 às 10:16

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Mocidade, Mangueira e Viradouro foram os destaques da segunda noite de desfiles do Carnaval do Rio de Janeiro, que teve como marca a animação do público da Sapucaí, cantando o samba-enredo das agremiações.

A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a primeira a entrar na avenida trazendo um desfile em homenagem ao caju. O samba de refrão chiclete que já vinha fazendo sucesso foi cantado à capela pelo público nas paradas da bateria.

Com alegorias e alas cheias de brasilidade, o destaque foi a comissão de frente, que contou com componente na arquibancada. Aproveitando o controle da iluminação, as luzes eram desligadas e um spot era direcionado ao público, iluminando uma Carmen Miranda. Em vez de segurar bananas, ela tinha cajus como nova fruta símbolo do Brasil.

Mocidade Independente de Padre Miguel, na segunda noite dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí
Mocidade Independente de Padre Miguel, na segunda noite dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí . (Reuters/ Pilar Olivares)

Um dos compositores do samba-enredo da escola, o humorista Marcelo Adnet participou do desfile fantasiado do pintor francês Jean-Baptiste Debret. Ao lado dele, a atriz Regina Casé representou Tarsila do Amaral.

Segunda escola desfilar, a Portela veio com um enredo emocionante inspirado no livro "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves, baseada na carta de Luiza Mahin, mãe do líder abolicionista e advogado Luiz Gama, e celebrou as mães pretas, mas teve problemas com as alegorias.

O abre-alas quebrou ainda na concentração e atrapalhou o início do desfile. Algumas esculturas ficaram danificadas. Outros carros também apresentaram defeitos e foi preciso auxílio dos integrantes para retirar partes quebradas.

Os atores Lázaro Ramos, Antônio Pitanga e o ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos) desfilaram representando Luiza Gama.

A última alegoria trouxe mães de jovens vítimas de violência policial e a velha guarda da Portela. À frente do carro, Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, desfilou sentada em um barco.

A Vila Isabel levou a reedição do desfile de 1993, "Gbalá - Viagem ao templo da criação", para avenida com assinatura do carnavalesco Paulo Barros.

O enredo destacou o mal que o ser humano pode fazer ao planeta Terra e apontou as crianças como salvação. Os pequenos estiveram presentes em diversas alas e na comissão de frente.

Com a possibilidade de controlar a iluminação da Sapucaí, Barros abusou dos efeitos de luzes e neons. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira tinha o traje coberto por luzes e refletores de laser. Já a cabeça da fantasia dos integrantes da bateria era um coração que pulsava.

Autor do samba do desfile de 1993 e presidente de honra da escola, o cantor Martinho da Vila veio no último carro representando um sacerdote.

A Mangueira voltou a homenagear seus integrantes famosos com um enredo dedicado à cantora Alcione. O desfile começou com as memórias afetivas da cantora. A comissão de frente representou a infância no Maranhão. Já as baianas mostraram a relação da cantora com a mãe.

Músicas famosas de Alcione foram inspiração para carros e alas, como a das passistas, inspirada na canção "A Loba". O quarto carro trouxe os amigos da Marrom, como Taís Araújo. Já a cantora Maria Bethânia veio em um tripé.

Maria Bethânia como destaque da Mangueira, na segunda noite dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí
Maria Bethânia como destaque da Mangueira, na segunda noite dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí. (Peter Ilicciev/ Agência Enquadrar/ Folhapress)

Alcione, que completou 50 anos de carreira em 2022, veio no último carro com uma coroa, rodeada de crianças, numa alegoria representando a Mangueira do amanhã.

Na dispersão, duas pessoas ficaram feridas em acidente com um carro alegórico da escola.

A Paraíso do Tuiuti homenageou João Cândido Felisberto, o "almirante negro" líder da Revolta da Chibata. Para isso, tomou como inspiração a música "O mestre-sala dos mares", de João Bosco e Aldir Blanc e famosa na voz de Elis Regina.

O almirante foi representado pelo ex-entregador Max Angelo dos Santos —agredido por uma mulher branca na zona sul do Rio de Janeiro em abril de 2023— em uma das alegorias. A rainha da bateria, Mayara Lima, veio de vermelho reproduzindo o sangue dos marinheiros.

O último carro era um navio em que cada uma das velas trazia estampado notícias recentes de casos de racismo. João Bosco e as filhas de Aldir Blanc participaram do desfile.

Atual vice-campeã do Carnaval do Rio, a Viradouro fechou a noite com desfile criativo que abusou das cores para contar o enredo "Arroboboi, Dangbé", uma homenagem à cobra sagrada de Benin, que, de acordo com o mito, se manifestou em batalhas na costa ocidental da África, no século 18.

Unidos do Viradouro, na segunda noite dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí
Unidos do Viradouro, na segunda noite dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí . (Thiago Ribeiro/ AGIF/ Folhapress)

A comissão de frente levantou a arquibancada com uma cobra que brilhava no escuro e rastejava entre os componentes no chão da Sapucaí.

Como o desfile começou ainda de madrugada, alas e carros usaram material que se destacava com a baixa iluminação. Com o dia já claro, a escola de Niterói formou um arco-íris com as fantasias nas últimas alas.

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