BRASÍLIA - O sistema eletrônico de votação foi exaltado e ovacionado na posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), nesta terça-feira (16).
Os longos aplausos a um trecho do discurso de Moraes ocorreram em frente ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que costuma atacar as urnas eletrônicas e insinuar que o tribunal pretende fraudar o pleito deste ano para lhe derrotar.
"Liberdade de expressão não é liberdade de agressão, não é liberdade de destruição da democracia, das instituições, da dignidade e da honra alheias. Não é liberdade de propagação de discursos de ódio e preconceituosos", disse o novo presidente do TSE.
Moraes fez um discurso com diversos recados ao chefe do Executivo, que participou da cerimônia.
O ministro exaltou o fato de o TSE ser capaz de divulgar o resultado das eleições no mesmo dia em que os eleitores vão aos colégios eleitorais devido às urnas eletrônicas e foi amplamente aplaudido pelo público presente.
"Somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional", disse.
O ministro também elogiou o antecessor, Edson Fachin, que protagonizou diversos embates com Bolsonaro.
"Reafirmo minha honra em poder ter convivido com sua excelência durante sua presidência. Firmeza de caráter, excelência de postura e competente trabalho são características natas do ministro Fachin, que deixa legado de incansável e intransigente defesa do Estado democrático de Direito."
Moraes agradeceu a presença de Bolsonaro na solenidade e disse que a cerimônia "simboliza o respeito às instituições como único caminho para fortalecimento" do Brasil.
"A Justiça Eleitoral não poderia comemorar melhor e de forma mais honrosa seus 90 anos de instalação, com presença nessa cerimônia do nosso chefe de Estado e de governo, presidente Jair Bolsonaro, presidente do Congresso, senador Pacheco, presidente da Câmara, Arthur Lira, do nosso presidente do STF e chefe maior do Judiciário e orgulho de todos os magistrados, Luiz Fux, bem como ex-presidentes da República".
O ministro ainda afirmou que a "intervenção da justiça eleitoral será mínima, porém será célebre, firme e implacável no sentido de coibir práticas abusivas ou divulgações de notícias falsas ou fraudulentas principalmente daquelas escondidas no covarde anonimato das redes sociais."
A cerimônia também foi marcada por recados contra o golpismo de Bolsonaro dados por outros participantes, incluindo o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o corregedor-geral eleitoral, Mauro Luiz Campbell Marques.
No primeiro encontro durante a campanha ao Palácio do Planalto, Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficaram frente a frente na posse no TSE, horas depois de trocarem críticas em palanques.
Além de Lula, os ex-presidentes Michel Temer (MDB), José Sarney (MDB) e Dilma Rousseff também participaram da solenidade.
Os quatro ex-chefes do Executivo ficaram sentados nas cadeiras à frente da mesa principal do plenário da corte, onde estavam Bolsonaro e Moraes.
Durante a cerimônia, o perfil de Bolsonaro nas redes sociais publicou uma mensagem com duras críticas ao PT.
Um ministro de Bolsonaro presente no evento classificou como positiva a participação do mandatário. Ele afirmou que Moraes havia avisado sobre o teor do discurso. Também disse que havia receio entre aliados do governo de que Lula recebesse mais aplausos do que Bolsonaro na cerimônia.
Na cerimônia de posse de Moraes, o presidente Bolsonaro ocupou uma das cadeiras na mesa principal do plenário da corte. Na primeira fileira, estavam os ex-presidentes. Entre Dilma e Temer estavam Lula e Sarney.
Temer articulou o impeachment da petista e a substituiu no Palácio do Planalto. Dilma se refere ao emedebista como "golpista".
Lula e Bolsonaro são líder e vice-líder, respectivamente, de intenções de voto em pesquisa Datafolha divulgada no último dia 28.
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