Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comunicar ao ministro da Justiça, Sergio Moro, que pretende trocar a diretoria-geral da Polícia Federal, hoje ocupada por Maurício Valeixo, a permanência de Moro no governo passou a ser incerta.
Valeixo foi escolhido por Moro para comandar a PF, é homem de confiança dele. De acordo com o jornal "Folha de S.Paulo", Moro chegou a pedir demissão a Bolsonaro nesta quinta-feira (23) ao saber da interferência do presidente. Bolsonaro passaria a ter ingerência na polícia, que está sob o guarda-chuva do ministério.
Ainda segundo a Folha, o presidente tenta convencer Moro a ficar. Os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) foram escalados para a missão de fazer o colega recuar.
De acordo com a "Veja", o ministro falou da possibilidade de sair do governo a pessoas próximas. E, segundo o "Estado de S.Paulo", se Valeixo sair, ele vai junto.
O mesmo relata a colunista de "O Globo" Bela Megale: "Segundo pessoas próximas ao ministro, ele respondeu que se a troca for efetivada terá que sair e que é fundamental garantir a autonomia da PF contra a interferência política".
Moro topou largar a carreira de juiz federal, que lhe deu fama de herói pela condução da Lava Jato, para virar ministro. Ele disse ter aceitado o convite de Bolsonaro, entre outras coisas, por estar "cansado de tomar bola nas costas".
Tomou posse com o discurso de que teria total autonomia e com status de superministro. Desde que assumiu, porém, acumula recuos e derrotas.
O ministro também tem se mostrado, nos bastidores, insatisfeito com a condução do combate à pandemia do coronavírus por parte de Bolsonaro. Moro, por exemplo, atuou a favor de Luiz Henrique Mandetta (ex-titular da Saúde) na crise com o presidente. Mandetta acabou demitido.
Com esse novo embate, Moro vê cada vez mais distante a promessa de uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Esse caminho já estava enfraquecido especialmente depois da divulgação de mensagens privadas que trocou com procuradores da Lava Jato.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta