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Morre o 'índio do buraco', último sobrevivente de etnia desconhecida

Morre o 'índio do buraco', último sobrevivente de etnia desconhecida

Funai acredita que a morte se deu por causas naturais. Ele foi achado dentro da rede de dormir e não havia sinais de violência

Publicado em 28 de agosto de 2022 às 14:47

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RIO DE JANEIRO - Um indígena que vivia em isolamento voluntário na Terra Indígena Tanaru, em Rondônia, foi encontrado morto em sua palhoça na última terça-feira (23). Conhecido como "Índio do buraco" ou "Índio Tanaru", ele era o único sobrevivente de sua comunidade, de etnia desconhecida.

Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), ele foi encontrado dentro de sua rede de dormir durante ronda de monitoramento e vigilância de equipes que lidam com índios isolados ou de contato recente. Não havia vestígios de pessoas no local nem sinais de luta.

Também não foram achados sinais na mata próxima e os pertences, utensílios e objetos utilizados costumeiramente pelo indígena permaneciam em seus devidos lugares, o que leva a Funai a acreditar que a morte se deu por causas naturais.

Índio do Buraco vivia em isolamento voluntário em outra comunidade após ser o último de sua etnia desconhecida
Índio do Buraco vivia em isolamento voluntário em outra comunidade após ser o último de sua etnia desconhecida. (Funai/Divulgação)

O local foi examinado pela Polícia Federal, com a presença de especialistas do INC (Instituto Nacional de Criminalística) de Brasília e apoio de peritos criminais de Vilhena (RO), diz a Funai.

"Nos trabalhos, foram utilizados equipamentos como drone e escâner 3D, além de serem coletados diversos vestígios e o corpo do indígena, que serão analisados pelo INC em Brasília", completou a fundação, em nota oficial.

O "índio do buraco" era considerado um dos casos de índios isolados mais vulneráveis do país, ao lado dos awás, no Maranhão, e de piripkuras e kawahivas do rio Pardo, ambos em Mato Grosso. Ele era acompanhado há 26 anos pela Funai.

Ele vivia em grupo até meados de 1995, em um povo que a Funai estimava em apenas seis pessoas, e que foi dizimado após ataque de madeireiros. Foi descoberto pela Funai em junho de 1996, a partir da localização do acampamento e outros vestígios da presença dele.

Sobrevivia de modo rudimentar, com roças de milho, batata, cará, banana e mamão e também caçava animais para se alimentar. Em 2018, a Funai divulgou fotos inéditas, feitas à distância, que mostram o indígena tentando cortar uma árvore.

A tapera onde ele foi encontrado morto era a 53ª residência do índio desde que a Funai iniciou o seu monitoramento. Todas seguiam o mesmo padrão arquitetônico, com uma única porta de entrada e saída e sempre com um buraco no interior da casa.

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