BRASÍLIA - O vice-presidente, Hamilton Mourão, criticou em pronunciamento em rede nacional nesta sábado (31) representantes dos Três Poderes e afirmou que o silêncio de autoridades criou o caos social.
Mourão não mencionou nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (PL) ou os chefes do Legislativo e do Judiciário, mas disse que a atuação dessas "lideranças" fizeram com que as Forças Armadas "pagassem a conta".
"Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e, deletério criassem um clima de caos e desagregação social e de forma irresponsável deixasse que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta. A alternância do poder é saudável e deve ser preservada", disse.
No pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, o presidente em exercício também deu um recado a apoiadores que seguem acampados nas portas de quartéis, pedindo ao grupo que voltem a seus "afazeres".
Mourão criticou, sem mencionar nomes diretamente, integrantes do Legislativo e também do Judiciário, afirmando que os grupos deixaram que se criasse caos "com silêncio ou protagonismo inoportuno e deletério".
"A falta de confiança de parcela significativa da sociedade nas principais instituições públicas decorre da abstenção intencional desses entes do fiel cumprimento dos imperativos constitucionais, gerando a equivocada canalização de aspirações e expectativas para outros atores públicos que, no regime vigente, carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso", disse.
Aos apoiadores, Mourão pediu ao grupo que voltem para suas casas. O presidente em exercício, que também é senador eleito pelo Rio Grande do Sul, prometeu que os bolsonaristas eleitos para o Congresso promoverão uma "oposição dura" ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"Tranquilize-mos. Retornemos à normalidade da vida, aos nossos afazeres, e ao concerto de nossos lares, com fé, e com a certeza de que nossos representantes eleitos farão dura oposição ao projeto progressista do governo de turno sem, contudo, promover oposição ao Brasil".
No pronunciamento, Mourão citou alguns feitos do governo ao longo dos últimos quatro anos, sobretudo na área econômica, como a privatização de estatais e a digitalização da gestão pública. O presidente em exercício citou ainda as consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e os impactos da pandemia da covid-19.
"Apoiamos governos estaduais e municipais com recursos médicos e medicamentos independentemente da posição política ou ideológica dos chefes do Executivo", ressaltou.
Mourão ainda afirmou que a gestão Bolsonaro entregou ao próximo governo "um país equilibrado e livre de práticas sistemáticas de corrupção" e "com as contas públicas equilibradas".
O pronunciamento de Mourão marca o fim do governo Bolsonaro. No domingo (1º) o presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomará posse para um mandato de quatro anos. Nos dias seguintes, ocorrerão as transmissões dos cargos dos ministros do governo petista.
Na sexta-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro deixou o país ontem com destino aos Estados Unidos, quebrando a tradição da entrega da faixa presidencial ao seu sucessor. O futuro ex-mandatário ficará um período "sabático" na casa do ex-lutador de MMA, José Aldo, em Orlando, na Flórida.
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