O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta quarta-feira, 11, que a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre usar "pólvora" para proteger a Amazônia é uma referência a um "aforismo antigo". Mourão evitou entrar em mais detalhes sobre o discurso de ontem do presidente. Ele avaliou, contudo, que a fala de Bolsonaro não deve causar consequências às relações com os Estados Unidos.
"Acho que ele se referiu a um aforismo antigo que diz que quando acaba a diplomacia entram os canhões, foi isso que ele se referiu", afirmou Mourão na chegada à Vice-Presidência no Palácio do Planalto. Na terça-feira (10), em evento no Planalto, Bolsonaro afirmou que, "quando acaba a saliva tem que ter pólvora", ao citar possíveis sanções econômicas dos Estados Unidos ao Brasil caso o desmatamento na Amazônia não seja controlado.
"Assistimos há pouco a um grande candidato à chefia de Estado dizendo que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas pela diplomacia não dá", disse ainda Bolsonaro nesta terça, sem citar o nome de Joe Biden, declarado eleito pelo imprensa norte-americana como o novo presidente do país.
O governo brasileiro é um dos poucos países que ainda não se pronunciou sobre a vitória do democrata nas eleições americanas. Aliado de Donald Trump, Bolsonaro aguarda o fim das ações judiciais movidas pelo atual presidente americano, que ainda não admitiu derrota.
Questionado se a fala de Bolsonaro poderia trazer consequências para a relação diplomática com os EUA, uma vez que o Brasil ainda não reconheceu a vitória de Biden, o vice-presidente minimizou o ocorrido e pediu calma. "Não causa nada. Isso aí tudo é figura de retórica, vamos aguardar, dê tempo ao tempo", disse Mourão.
O vice-presidente também pôs panos quentes na relação com Bolsonaro e negou que não estejam conversando. "Eu falei com o presidente na segunda-feira, pô. Vocês não viram na cerimônia que estávamos os dois lado a lado conversando?", perguntou aos jornalistas hoje. Na segunda-feira, 9, os dois estiveram juntos em evento no Planalto relacionado ao Programa Pátria Voluntária.
Na conversa com a imprensa nesta quarta, Mourão citou ainda que tem uma relação "ética e de lealdade" com o chefe do Executivo. O distanciamento entre o vice-presidente e Bolsonaro foi exposto, contudo, pelo próprio mandatário. Na segunda-feira à noite, Bolsonaro disse em entrevista à emissora CNN Brasil que não estava falando com Mourão sobre "qualquer assunto".
O chefe do Planalto deu a declaração ao comentar fala de Mourão, que afirmou que "na hora certa" o Brasil iria cumprimentar o novo eleito para presidente nos Estados Unidos. "O que ele (Hamilton Mourão) falou sobre os Estados Unidos é opinião dele. Eu nunca conversei com o Mourão sobre assuntos dos Estados Unidos, como não tenho falado sobre qualquer outro assunto com ele", disse Bolsonaro à CNN.
Sobre a fala, Mourão adotou ontem uma postura pacificadora e se limitou a comentar que a sua visão é que o Bolsonaro está "aguardando" para se pronunciar sobre o resultados das eleições nos EUA.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta