O Ministério Público Federal (MPF) requisitou em caráter de urgência uma operação da Polícia Federal contra centenas de invasores da Terra Indígena (TI) Trincheira Bacajá (PA), que estariam se preparando para atacar aldeias da etnia xikrin.
As ameaças são uma resposta à retomada das áreas invadidas por dezenas de guerreiros xikrins, no último sábado (24). No mês passado, grileiros desmataram e queimaram ilegalmente 15 km2 de floresta amazônica, segundo cálculo da ONG Imazon.
"Ao Ministério Público Federal trata-se de conflito da mais alta gravidade, tendo em vista que houve ação por parte dos indígenas no sentido de expulsar os invasores de suas terras, após mais de um ano aguardando atuação policial na região", escreve a procuradora Thais Santi, em ofício enviado nesta segunda-feira (26), no qual pede que o deslocamento seja realizado em 24 horas.
A reportagem tem procurado a assessoria da imprensa da PF por telefone e e-mail desde a segunda-feira, mas não houve resposta até a conclusão deste texto.
A reportagem sobrevoou a região na manhã desta terça-feira. Partindo de Altamira, a maior parte da TI é um grande tapete verde, à exceção de algumas aldeias.
Na parte sul, porém, aparecem várias feridas de desmatamento recente, alguns em formato de lotes, perto do igarapé Prazer. Há um ramal (estrada) que adentra a terra indígena, com áreas desmatadas de ambos os lados.
Os xikrins têm denunciado a invasão de suas terras desde junho do ano passado. A PF abriu inquérito, mas até agora não houve nenhuma ação para retirar as centenas de grileiros.
A TI Trincheira Bacajá sofre forte pressão da pecuária, principal atividade econômica do município de São Félix do Xingu, que concentra o maior rebanho bovino do país.
No fim de semana, a reportagem da Folha esteve nas aldeias próximas da invasão. A expedição dos guerreiros pela mata durou pouco mais de três dias. Eles voltaram com material confiscado dos barracos, incluindo uma motosserra, espingardas, utensílios domésticos e galinhas.
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