O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, disse nesta quinta-feira(6) que está esperando "para ontem" a liberação da primeira parcela da verba resultante de emenda parlamentar de deputados federais do Rio de Janeiro para reconstruir o imóvel, destruído por um incêndio em 2 de setembro do ano passado. A emenda tem valor total de R$ 55 milhões que serão usados na primeira fase de reconstrução do museu, o que deve ocorrer até 2021.
Em entrevista à Agência Brasil, Kellner afirmou que, no momento, não está preocupado com os cortes no orçamento anunciados pelo Ministério da Educação e sim com a liberação da primeira parcela de recursos. "Preciso que liberem a primeira parcela para poder trabalhar", afirmou o diretor. Ele está muito confiante na ação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e dos parlamentares fluminenses, para que essa parcela, que gira em torno de R$ 12 milhões, seja liberada o quanto antes. "É a minha preocupação maior". O valor será aplicado em obras e na reestruturação do museu.
Os R$ 55 milhões da emenda da bancada parlamentar do Rio de Janeiro na Câmara Federal devem sofrer corte de 21,63%, o que representa redução de R$ 11,9 milhões. Com isso, o valor final ficará em R$ 43,1 milhões.
Até agora, o museu recebeu doações da ordem de R$ 316 mil, mais verba doada pela Alemanha, no valor de US$ 180, equivalente a R$ 700 mil.
Kellner ressaltou a necessidade de uma ação política para beneficiar o museu. "Nós estávamos querendo chamar a atenção do governo federal para essa oportunidade, que acabou acontecendo", disse Kellner, referindo-se ao incêndio do ano passado.
"Eu preferia mil vezes que não tivéssemos essa oportunidade, mas, já que aconteceu isso tudo, que aprendamos com os nossos erros. E temos a oportunidade de fazer do Museu Nacional um museu mundial de primeira grandeza, a exemplo dos grandes museus de história natural e antropologia que temos pelo mundo, e que possa servir de modelo para outras instituições, tanto do Brasil como da América do Sul", acrescentou.
Segundo Kellner, esta é uma grande oportunidade que se abriu para o Brasil e é vista com bons olhos por colegas de países como França, Alemanha, Inglaterra, China e Estados Unidos. Ele disse, porém, que o Brasil não é um país pobre e tem que fazer sua parte. "É uma das maiores economias mundiais e, como tal, deve colaborar com recursos."
É uma questão de prioridade, acrescentou Kellner, lembrando que uma instituição como o Museu Nacional é muito importante para o país. Ele informou que, no próximo sábado (8), divulgará quanto já foi recuperado do acervo da instituição e anunciará novidades. Para ele, é preciso virar a página negativa associada ao museu. "A reconstrução do Museu Nacional é boa para o Rio de Janeiro e para o Brasil."
ANIVERSÁRIO
Sábado, o Museu Nacional, a UFRJ e o Serviço Social do Comércio (Sesc) do Estado do Rio de Janeiro abrem, às 10h, o evento Ciência, História e Cultura: o Museu na Quinta da Boa Vista. O evento é gratuito e marca os 201 anos do Museu Nacional. A programação vai até domingo (9), às 16h30, com um grande abraço simbólico na instituição. Nos dois dias, as atividades serão desenvolvidas das 10h às 16h, na Alameda das Sapucaias, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, zona norte da cidade.
O evento mostrará a produção de conhecimento dos professores e pesquisadores e a interação com a sociedade. O público poderá participar de rodas de conversa, oficinas, exposições e atividades culturais e se engajar na campanha SOS Museu Nacional, que visa à reconstrução do equipamento e à continuidade das ações de resgate do acervo.
A programação inclui visita ao entorno do Paço de São Cristóvão/Museu Nacional a bordo do trenzinho da Quinta da Boa Vista; contação de história sobre O Mito de Osíris: a Primeira Múmia; roda de conversa sobre o período pós-incêndio e atividade com grafite nos tapumes que cercam o museu, além de 29 mostras e oficinas Estão previstas ainda atrações como uma apresentação da Orquestra da Maré, o show Samba que Elas Querem e o esquete teatral O Museu Nacional Está Vivo.
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