BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou em cadeia de rádio e televisão nesta segunda-feira (7) que defende a democracia, mas exaltou o golpe militar de 1964. Em meio ao pronunciamento de comemoração ao Dia da Independência do Brasil, foram registrados panelaços contra o presidente em capitais como São Paulo, Rio e Brasília.
"Nos anos 60, quando a sombra do comunismo nos ameaçou, milhões de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, foram às ruas contra um país tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada", disse o presidente.
Em seguida, o presidente declarou se comprometer com os valores constitucionais e com a democracia. "No momento em que celebramos essa data tão especial, reitero, como Presidente da República, meu amor à Pátria e meu compromisso com a Constituição e com a preservação da soberania, democracia e liberdade, valores dos quais nosso País jamais abrirá mão".
A cerimônia de 7 de Setembro deste ano foi realizada no Palácio do Alvorada e foi mais enxuta que a de 2019, por conta da pandemia do novo coronavírus.
A parada militar do Dia da Independência havia sido cancelada pelo Ministério da Defesa no início de agosto, quando portaria do ministro Fernando Azevedo orientou as Forças Armadas a se absterem de particular de "quaisquer eventos comemorativos" .
O objetivo era evitar aglomerações, em um momento em que o Brasil ainda sofre os efeitos da pandemia.
Segundo o Palácio do Planalto, o evento reuniu de 1.000 a 2.000 apoiadores, números inferiores aos cerca de 30 mil do ano passado, quando as comemorações foram na Esplanada dos Ministérios.
No entanto, a mudança no formato e dimensões não evitou aglomerações. O ato de 16 minutos de duração fez as pessoas, muitas delas sem máscara, se amontoarem para chegar perto do presidente Jair Bolsonaro, da primeira-dama, Michelle, e de ministros.
A primeira-dama se dirigiu até o público para apertar as mãos de apoiadores. À medida que ela se deslocava, dois servidores passavam oferecendo álcool em gel à plateia. Michelle ouviu gritos de "mita", em alusão ao apelido do marido.
Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) se aproximou de máscara, mas tirou o equipamento de proteção para fazer selfies com eleitores. O senador e Michelle são personagens do suposto esquema de "rachadinha" envolvendo Fabrício Queiroz, amigo do presidente e ex-assessor de Flávio.
Bolsonaro chegou no no Rolls Royce presidencial com crianças que, em sua maioria, estavam sem máscara, assim como o presidente. De acordo com a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), eram filhos de autoridades e convidados.
Também participaram da cerimônia comandantes das Forças Armadas e ministros do atual governo. Alguns deles, como Paulo Guedes (Economia), foram exaltados pelo público presente.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, chegou sem ser notado pelo público. Mas o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi vaiado ao sair do carro.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mais uma vez não participou. Maia vive uma relação tensa com Bolsonaro e deu sinais de rompimento com Paulo Guedes.
Após o evento, Bolsonaro participou de almoço com Toffoli e demais ministros na residência do secretário especial de Assuntos Estratégicos, o Almirante Flávio Rocha.
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