BRASÍLIA - Em cima da caçamba de uma caminhonete, diante do quartel-general do Exército em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro discursou para manifestantes que participavam de uma carreta em defesa do governo, contra o Congresso e a favor de uma intervenção militar no Brasil.
"Nós não queremos negociar nada. Nós queremos ação pelo Brasil", declarou o presidente, que participou, pelo segundo dia consecutivo, de manifestação em Brasília, causando aglomerações. "Chega da velha política. Agora é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", declarou.
"Todos têm que ser patriotas, acreditar e fazer sua parte para colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder. Mais que direito, vocês têm a obrigação de lutar pelo país de vocês", afirmou Bolsonaro, que tossiu e levou a mão à boca durante o discurso.
Há manifestações em curso em diferentes pontos do país, como Salvador, São Paulo e Manaus. Os manifestantes pedem a volta ao trabalho e a abertura do comércio. Há discursos em defesa do isolamento vertical, quando só os grupos de risco ficam em isolamento. No Espírito Santo, manifestações pró-intervenção militar também ocorreram neste domingo.
Depois de almoçar na casa de um dos filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente se dirigiu ao quartel-general do Exército, onde estava parada uma carreata dos manifestantes. O grupo era formado por algumas centenas de pessoas, muitos com faixas pedindo um novo AI-5 e intervenção militar. Ao verem Bolsonaro chegar, os manifestantes se aglomeraram para ouvir o presidente.
Bolsonaro tem incentivado os protestos. No sábado (18), o presidente também deixou do Alvorada para se encontrar com apoiadores. No alto da rampa do Palácio do Planalto, esperou a chegada de uma carreata formada por ativistas católicos contrários ao aborto. Em seguida, o mandatário desceu a rampa e se reuniu com os simpatizantes.
O presidente nega a gravidade da pandemia e promove passeios e aglomerações em Brasília, ao contrário do que recomenda a OMS. Bolsonaro demitiu seu então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por discordar de seu posicionamento técnico sobre a pandemia.
Além da gestão Bolsonaro, outros governos que ignoram a seriedade da doença são Turcomenistão, Nicarágua e Belarus.
No sábado, Bolsonaro afirmou que a política de enfrentamento ao novo coronavírus "mudou um pouco" desde a sexta (17) --quando houve a troca de Mandetta por Nelson Teich no Ministério da Saúde-- e voltou a se queixar de prefeitos e governadores por adotarem medidas de isolamento social.
O presidente também responsabilizou o STF (Supremo Tribunal Federal) por determinar que os demais entes federados têm poder para ordenar o fechamento do comércio.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta