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'Não tem pergunta decente?', diz Bolsonaro sobre depósitos de Queiroz

"Não tem pergunta decente?", diz Bolsonaro sobre depósitos de Queiroz

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz depositou cheques para a primeira-dama Michelle Bolsonaro e presidente não explica o motivo da transação

Publicado em 26 de agosto de 2020 às 15:41

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Em meio à pandemia de Covid-19, Bolsonaro vai a evento na Usina de Ipatinga/Usiminas, em Minas Gerais
Em meio à pandemia de Covid-19, Bolsonaro vai a evento na Usina de Ipatinga/Usiminas, em Minas Gerais. Lá, mais uma vez, recursou-se a responder sobre repasses à primeira-dama. (Marcos Corrêa/PR)

Em visita à cidade de Ipatinga (MG), Jair Bolsonaro (sem partido) se recusou a comentar os repasses de R$ 89 mil feitos à sua mulher, Michelle Bolsonaro, por Fabrício Queiroz, investigado sob suspeita de integrar esquema de distribuição ilegal de recursos públicos no gabinete do então deputado estadual fluminense Flávio Bolsonaro (Republicanos).

"Com todo o respeito, não tem uma pergunta decente para fazer? Pelo amor de Deus", disse o presidente ao ser questionado por repórter do jornal Folha de S.Paulo.

No domingo (23), Bolsonaro ameaçou "encher de porrada" um repórter do jornal O Globo, que o perguntou sobre os depósitos.

Na segunda-feira (24), em conversa reservada relatada à Folha de S.Paulo, o presidente reconheceu que exagerou na declaração, mas ele ainda não definiu se pedirá desculpas públicas. Ele tratou do assunto com ministros como Fábio Faria (Comunicações) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Em editorial, a Folha de S.Paulo afirma que o arroubo de incivilidade lançado contra repórter do jornal O Globo indica que a anterior aparência de conduta mais branda do presidente "não passa de adaptação epidérmica, resultante momentânea do choque imposto pela inércia constitucional sobre a atormentada personalidade presidencial".

"Em vez de produzir mais fumaça para desviar a atenção do caso Queiroz, seria melhor o presidente explicar por que R$ 89 mil em cheques do famigerado assessor acabaram na conta da primeira-dama", finaliza o texto.

Logo após o ocorrido, um movimento nas redes sociais replicou a pergunta feita pelo jornalista ofendido "Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?".

Uma das personalidades que postou e retuitou a mensagem foi João Amoêdo, fundador do Novo, legenda de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, que estava presente na cerimônia nesta quarta (26). O ex-candidato à presidência postou: "Espero que todos os mandatários e futuros candidatos do Novo questionem o presidente, em especial os mais ativos nas redes. Esse é o papel daqueles que desejam um País onde todos são iguais perante a lei".

Em entrevista à CNN, Romeu Zema disse que não tem acompanhado as questões nacionais de perto e que por isso se considera uma pessoa não apta a comentar aquilo que ele não conhece em detalhes, mas repudia qualquer tipo de agressão à imprensa.

Em março, governadores dos estados brasileiros assinaram uma carta em favor de medidas de isolamento social e suspensão de dívidas das unidades federativas. Zema foi um dos únicos que governadores que não assinaram a carta, junto com Coronel Marcos Rocha (PSL), de Rondônia.

QUEBRA DE SIGILO

A quebra do sigilo bancário do policial militar aposentado Fabrício Queiroz, no início de agosto, revelou novos repasses do amigo de Bolsonaro à sua esposa, Michelle. De acordo com a revista, os extratos colocam em dúvida a justificativa sobre empréstimos apresentada até aqui pelo presidente Bolsonaro.

Entre as transações de Queiroz, até o momento se sabia de repasses que somavam R$ 24 mil para a mulher do presidente. Mas, segundo a revista Crusoé, os cheques de Queiroz que caíram na conta de Michelle somam R$ 72 mil, e não os R$ 24 mil até então revelados nem os R$ 40 mil ditos pelo presidente.

A Folha de S.Paulo confirmou as informações obtidas pela revista. A reportagem também apurou que a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, repassou para Michelle R$ 17 mil de janeiro a junho de 2011. Foram cinco cheques de R$ 3.000 e um de R$ 2.000. Assim, no total, Queiroz e Márcia depositaram R$ 89 mil para primeira-dama de 2011 a 2016, em um total de 27 movimentações.

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