O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou à CPI da Covid, nesta quinta-feira (27), que o protocolo de intenções para a venda de vacinas para o Ministério da Saúde foi assinado em 19 de outubro, mas ficou em "suspenso" por quase três meses. O período coincidiu com falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de que não compraria a vacina Coronavac.
Covas afirmou que poderia ter entregue 100 milhões de doses até maio, se houvesse uma definição. Havia condições, segundo o diretor, de entregar 10 milhões de doses até dezembro de 2020. A Anvisa aprovou o uso da Coronovac em janeiro.
"Não houve mais progresso nas tratativas até janeiro. A partir daquele momento [suspensão da negociação pelo governo federal], nosso caminho era outro, era o entendimento com estados e municípios", afirmou.
À CPI, o ex-ministro Eduardo Pazuello negou que tivesse recebido ordens de Bolsonaro para romper as tratativas.
Em depoimento à CPI da Covid, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou ser "indiscutível" que uma posição mais pragmática do governo brasileiro facilitaria a liberação de insumos pela China.
Covas afirmou que teve uma reunião com o embaixador da China no Brasil, acompanhados de ministros brasileiros, como o chanceler Carlos França e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Nessa ocasião, o embaixador teria deixado claro que falas de autoridades brasileira, como o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, poderiam afetar a relação e a entrega de insumos.
"O embaixador deixou claro que posições que são antagônicas causam inconformismo no lado chinês", afirmou.
Covas ainda afirmou que a substituição do chanceler Ernesto Araújo por Carlos França aumentou o diálogo com o governo federal e representou uma "evolução na postura".
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a campanha difamatória contra a Coronavac nas redes sociais atrapalhou o recrutamento de voluntários para os testes clínicos.
"Em outubro dificuldades de recrutamento, algo que não tinha antes dos ataques deferidos. Essa percepção pública desapareceu e hoje o apoio à vacina nas pesquisas de opinião é elevadíssimo", afirmou.
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