A incapacidade de o setor privado arcar sozinho com os investimentos nos projetos de infraestrutura no Brasil acabou por reunir em consenso os participantes do painel "A infraestrutura como investimento essencial", no segundo dia do Fórum de Economia CNN.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que seu ministério não tem recursos, mas concordou com os demais participantes do evento, em especial o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, maior defensor no evento de mais verba para o Ministério da Infraestrutura, de que há áreas no Brasil que a infraestrutura vai precisar de precisar de recursos do Estado.
"No meu ministério está faltando dinheiro", disse o ministro emendando que para o Estado poder investir na infraestrutura será necessário rever as políticas orçamentárias.
"Vamos ter que quebrar o piso e isso consiste em diminuir as vinculações orçamentárias", disse Tarcísio.
Tadini, da Abdib, que puxou a discussão sobre a necessidade de o Estado ter que entrar investindo, disse que há limites para a participação do capital privado porque nas rodovias, por exemplo, tem segmentos que não dão retorno.
"Hoje, temos talvez o maior programa do mundo de concessões de rodovias, demonstração inequívoca de qualidade. O ministro Tarcísio tem mais 15% para jogar na carteira dessa malha nos próximos dois anos. A gente defende recursos públicos para o ministro, porque, como ele vai dar conta de 70% da malha que não foi transferida para iniciativa privada?", questionou o presidente da Abdib.
Tadini ilustrou sua defesa acrescentando que não há em lugar nenhum do mundo em que as rodovias sejam só privadas.
"Vamos ter que ter trechos com investimento público porque em transporte e logística não dá para o investimento ser 100% privado", alertou o presidente da Abdib.
Em tom elogioso ao ministro e sua equipe, Tadini disse que confia em Tarcísio de Freitas e que não tem problema em defender a triplicação do seu orçamento.
"Tratamos de forma equivocada da peça orçamentária. São duas peças importantes; a do custeio e a do investimento. Mas fizemos uma estrutura de controle que sanciona gasto por inércia daquilo que é vinculado, principalmente gastos de custeio, grande corte nos discricionários, que é onde se faz investimento. Não vai dar certo", previu Tadini.
De acordo com ele, o Brasil vai estourar logo o teto e que o País não vai conseguir retomar crescimento só com investimento privado.
Para o sócio do Banco Pátria Investimentos, Felipe Pinto, disponibilidade de capital privado há. Tanto que há US$ 600 bilhões que estão indo para US$ 1 trilhão de capital fluindo para infraestrutura.
"Interesse há, mas concordo também de que há uma fronteira de até onde esse capital pode ir. Isso é evidente. Tem coisas que realmente não funciona, mas se você tem estratégias para levar o capital privado que, eventualmente, subsidia uns dos ativos e que você não teria interesse se fosse só aquele ativo. É a famosa estratégia de filé com osso", disse o banqueiro acrescentando que essa estratégia é poderosa e pode ser feita vários ativos da infraestrutura.
Contudo, de acordo com Pinto, a travessia pela qual o Brasil vai passar nos próximos 10, 15 anos se fará necessária uma atuação forte do setor público.
"Não tem como a gente chegar onde precisamos chegar do ponto de vista da qualidade da infraestrutura sem investimento público e a gente precisa fazer essa travessia", disse o sócio do Banco Pátria.
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