BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (18) que a carne era mais barata nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e buscou justificar os preços elevados atualmente a outros problemas, como a pandemia da Covid-19.
" 'Ah, no tempo do Lula você comprava carne mais barata'. Comprava sim, só que ele não enfrentou uma pandemia, não enfrentou endividamento de R$ 700 bilhões. Não enfrentou uma situação de emprego terrível no Brasil, pelo menos 40 milhões de pessoas viviam na informalidade. Não tinham carteira assinada", disse Bolsonaro durante a live semanal.
No começo de fevereiro, o preço da carne voltou a subir no país, após sinais de trégua em outubro e novembro do ano passado. Segundo dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), os produtos tiveram altas em dezembro de 2021 e janeiro de 2022, com aumento de 0,90% e 1,15%, respectivamente.
"'Ah, com o Lula era melhor'. Ele não enfrentou uma pandemia que eu enfrentei", repetiu o mandatário, em outro momento da transmissão no qual buscou justificar comparações entre os governos.
Antes de falar do preço da carne, Bolsonaro disse que, antigamente, uma mudança de regime ocorria pela força, com armas, e que hoje "está mais pela conversa mole". Apesar do comentário em tom crítico, Bolsonaro é defensor da ditadura militar (1964-1985).
Assim, o chefe do Executivo disse ter preocupação e esperar que "o povo acorde". A declaração sobre o petista ocorreu também logo após ele reconhecer, mais uma vez, que pode não ser "o melhor cara do mundo", mas pediu que se observasse se a pessoa melhor que ele teria chances em uma "eleição limpa".
Lula lidera as pesquisas de intenção de votos à Presidência. Além disso, como mostrou o Datafolha em dezembro, metade dos brasileiros consideram o petista o melhor presidente que o país já teve, bem à frente de Jair Bolsonaro.
Segundo aferiu o instituto à época, Lula, que governou entre 2003 e 2010, é o líder no ranking dos ex-presidentes para 51% dos entrevistados, 40 pontos à frente de Bolsonaro, escolhido por 11%.
Para analistas, as altas no preço da carne entre o final de 2021 e o começo de 2022 refletem uma combinação de fatores. Em parte, há efeitos sazonais, porque a demanda no mercado interno costuma ser aquecida com as festas de fim de ano.
Além disso, também há reflexos do fim do embargo das exportações de carne bovina brasileira para a China, anunciado em 15 de dezembro. A medida estava em vigor desde o início de setembro, após o registro de dois casos atípicos de vaca louca.
Foi justamente o embargo que, segundo analistas, havia feito os preços darem sinais de trégua para o consumidor brasileiro, já que a oferta de produtos ficou mais concentrada no mercado interno antes das festas de final de ano.
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