O novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, trocou o comando da superintendência da corporação no Rio de Janeiro, área de interesse do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. A mudança foi uma das primeiras ações do novo chefe da PF após ser empossado nesta segunda-feira (4) cerca de 20 minutos depois de ser nomeado ao cargo.
O superintendente Carlos Henrique Oliveira, do Rio, foi convidado por Rolando Alexandre de Souza para assumir a direção-executiva da PF, o que o coloca como número dois do novo diretor. A promoção foi vista por delegados como uma forma estratégica de trocar o comando da Polícia Federal fluminense.
Ao anunciar demissão do governo Bolsonaro, o ex-ministro Sergio Moro afirmou que Bolsonaro havia expressado não apenas o desejo de trocar a chefia da PF, como o de superintendentes, como o do Rio de Janeiro. Fontes confirmaram ao Estado que o ex-ministro citou o caso em depoimento à Polícia Federal no último sábado (02).
O problema é que nas conversas com o presidente e isso ele me disse expressamente, que o problema não é só a troca do diretor-geral. Haveria intenção de trocar superintendentes, novamente o do Rio, outros provavelmente viriam em seguida, como o de Pernambuco, sem que fosse me apresentado uma razão para realizar esses tipos de substituições que fossem aceitáveis, disse Moro, ao pedir demissão do governo.
A Polícia Federal do Rio foi responsável por atuar em um dos casos de maior repercussão no Estado: a operação Furna da Onça, que levou à prisão diversos deputados estaduais. A operação mirou, entre outros fatos, as rachadinhas de servidores e deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A operação não mirou Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), senador e filho do presidente investigado pela prática, mas levou à produção de relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que detectou a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. O caso foi revelado pelo Estado.
Bolsonaro tentou trocar o comando da PF no Rio em agosto do ano passado. À época, o presidente disse que ficou sabendo que o então superintendente Ricardo Saadi seria substituído pelo delegado Alexandre Silva Saraiva, chefe da PF em Manaus. Saraiva é próximo dos filhos do presidente.
O presidente também afirmou que a troca seria motivada por questões de produtividade, surpreendendo a cúpula da PF, que contradisse o presidente ao afirmar que a substituição de Saadi já estava planejada, não tinha qualquer relação com desempenho e que o nome que assumiria o comando seria o delegado Carlos Henrique Oliveira.
Em resposta, Bolsonaro ameaçou manter a indicação de Saraiva, dizendo que dá liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou eu e provocando crise com o então ministro Sergio Moro e o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo.
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