O chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), Fabio Wajngarten, escolheu para ser seu número 2 no governo o irmão do empresário que administra sua empresa privada, a FW Comunicação e Marketing.
Em maio de 2019, o secretário escolheu para assessorá-lo o publicitário Samy Liberman. Primeiro, ele foi posto no cargo de subsecretário de Comunicação Digital. Depois, em agosto, foi alçado à função de secretário-adjunto de Comunicação Social.
As nomeações foram oficializadas por meio de portarias da Casa Civil. Em abril, o irmão dele, Fabio Liberman, havia assumido a gestão da FW.
Como noticiou a Folha de S.Paulo nesta quarta (15), Wajngarten deixou a função de administrador, mas permanece como o principal sócio da empresa. A firma recebe dinheiro de contratos com emissoras de TV, entre elas a Band e a Record, além de agências de publicidade contratadas pela própria Secom, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro.
A legislação vigente proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. A prática implica conflito de interesses e pode configurar ato de improbidade administrativa, demonstrado o benefício indevido. Entre as penalidades previstas está a demissão do agente público.
Como número 2 da Secom, Samy participa de decisões e de agendas relativas à distribuição das verbas de publicidade. Além de irmão, é sócio de Fabio Liberman em empresas.
Procurado pela reportagem nesta quarta, Fabio Liberman afirmou que ele e Samy conhecem Wajngarten desde crianças, tendo sua confiança, o que motivou a escolha de um para auxiliá-lo na esfera pública e do outro na esfera privada. "O Samy é meu irmão. A gente é junto".
Questionado sobre se a nomeação do secretário-adjunto foi motivada pelo parentesco que tem consigo, Fabio Liberman declarou: "Claro. A relação é que a gente conhece o Fabio [Wajngarten] faz quase 40 anos. Sou publicitário, trabalho com isso há muito tempo. Quando ele foi convidado para o governo, eu era o cara mais próximo dele, em que ele confiava".
Segundo ele, Samy foi "a primeira pessoa" que Wajngarten convidou para a Secom. É engenheiro e publicitário, tendo, de acordo com o irmão, qualificação para as atividades que desempenha. A reportagem telefonou para Samy nesta quarta, mas ele interrompeu a ligação, alegando que não poderia falar. A reportagem procurou a Secom, que ainda não se pronunciou.
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