De acordo com estudo realizado pelo Observatório Covid-19 BR, grupo que reúne pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, o Brasil pode ter desde o dobro até nove vezes o dado oficial de número de mortes pelo novo coronavírus. A informação foi divulgada neste sábado (18) pelo portal UOL.
O levantamento realizado pelos estudiosos levou em consideração o tempo entre a ocorrência das mortes e o registro delas nas estatísticas do governo. A pesquisa foi feita com números disponibilizados pelo Ministério da Saúde até a última quarta-feira (15), quando haviam 1.736 mortes no país.
Na projeção do Observatório, o Brasil já poderia ter alcançado entre 3.800 e 15.600 óbitos, com base em cálculo que considerou o cenário da última quarta, compreendendo os boletins com informação de datas de óbito dos dias 29 e 30 de março e 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 13, 14 e 15 de abril.
Como exemplo, o portal UOL explicou, com base nos boletins divulgados pelo Ministério da Saúde, que é possível observar que a quantidade de mortes atribuída ao dia 3 de abril variou de 21 a 77 em duas semanas, já que os resultados dos testes demoram a sair. Exames feitos posteriormente, no entanto, apontaram número maior de mortes por Covid-19 na mesma data do que se sabia.
Em alguns casos, analisando-se as informações do SIVEP-Gripe (Sistema de informação de Vigilância da Gripe), a morte demorou quase um mês para entrar nas estatísticas.
Segundo levantamento do observatório, 53% das mortes pelo novo coronavírus no Brasil levam 10 dias ou mais para serem notificadas e registradas nos boletins. Para os cálculos, foi utilizado o nowcasting, um modelo que olha o passado recente para fazer estimativa do presente. A projeção leva em conta quantos óbitos devem existir considerando-se o atraso.
Com estas informações, o observatório projetou dois cenários, sendo que em um deles, em que os óbitos demorariam até 10 dias para serem informados, o Brasil teria cerca de 122% a mais de mortes do que o divulgado. Usando os dados de 15 de abril, isso levaria ao total de 3.869 mortes, número 2,3 vezes maior que o anunciado oficialmente, de 1.736.
Em um cenário mais drástico, em que as mortes levariam até 20 dias para serem contabilizadas, a pesquisa estima que o país teria pelo menos 801% a mais de óbitos, cerca de nove vezes mais que o número oficial, com mais de 15.648 mortes, número semelhante ao de países europeus como França, Espanha e Itália.
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