O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (11) que entregou ao STF (Supremo Tribunal Federal) o vídeo da reunião citada por Sergio Moro em seu depoimento à Polícia Federal, na semana passada, para comprovar que "nada deve" e que "não ameaçou ninguém".
As declarações foram dadas no fim da tarde desta segunda, ao chegar ao Palácio da Alvorada. Questionado por jornalistas, o presidente disse que tem "zero preocupação" em relação ao vídeo e que por isso decidiu entregá-lo na íntegra.
O ministro Celso de Mello, do STF, já havia determinado que o vídeo fosse enviado sem edições.
"Pô, você tá de brincadeira comigo, né?", disse o presidente, após ser questionado sobre o que teria dito no vídeo, para depois completar:
"A fita vai ser extraída, tudo o que foi falado no tocante ao ex-ministro Sergio Moro vai ser extraído e vai ser usado no inquérito, tá OK? Eu nunca ofendi ninguém, nunca agredi ninguém, nunca ameacei ninguém", afirmou o presidente.
Bolsonaro completou que preferiu entregar o vídeo para restabelecer a verdade sobre o episódio.
"Eu podia falar 'não tem mais o vídeo'. Não tenho a obrigação de ter o vídeo", disse o presidente. "Mas resolvi não falar [que não teria o vídeo], assumir a verdade acima de tudo", completou.
Bolsonaro disse esperar que as autoridades judiciárias apenas extraiam a parte do vídeo referente à acusação de que pressionou o ex-ministro. O presidente afirmou que a maior parte da reunião foi destinada a discutir temas de política internacional e que sua divulgação poderia causar embaraços.
"Agora é justo expor o que nós falamos sobre política externa, assunto de segurança nacional, tornar público isso aí? Aí não dá, complica a situação", disse o presidente.
O ex-juiz da Lava Jato disse aos investigadores que, na reunião, o presidente teria manifestado o desejo de trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro, o que se concretizou após a saída de Maurício Valeixo da chefia da Polícia Federal.
O ex-ministro acusou, ainda, o presidente de cobrar o acesso a informações de investigações em curso e a relatórios de inteligência, o que não é permitido pela legislação.
Segundo relatos feitos à reportagem, no início do encontro, ministros presentes fizeram críticas tanto ao Supremo quanto ao Congresso. O comentário foi o de que o STF exagerou ao ter aberto, no dia 21, um inquérito para apurar a organização de protesto promovido em Brasília com bandeiras contra a democracia, do qual Bolsonaro participou.
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