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'O que passa na cabeça de cara que faz isso?', diz dentista filmada em banheiro

'O que passa na cabeça de cara que faz isso?', diz dentista filmada em banheiro

Dentista usava banheiro de posto de gasolina quando percebeu que homem estava gravando um vídeo; crime foi registrado como registro não autorizado de intimidade sexual

Publicado em 17 de outubro de 2022 às 16:18

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Rute Pina

SÃO PAULO - A cirurgiã dentista Laíris Aguiar, 25, não imaginava que o simples ato de pedir para ir ao banheiro de um posto de gasolina pudesse desencadear um episódio de repercussão nacional. Na sexta-feira (14), ela foi filmada por um frentista ao usar um sanitário do lugar, na zona sul do Rio de Janeiro.

Ao perceber que o homem estava gravando um vídeo dela pelo vão do banheiro feminino e masculino, a dentista começou a gritar e pedir por ajuda.

Frentista filma mulher em banheiro de posto de gasolina no Rio de Janeiro
Confusão ocorreu no posto de gasolina na zona sul do Rio. (Reprodução/TV Globo)

Quando entendeu o que estava acontecendo, ela afirma que o sentimento foi de revolta, indignação e tristeza. "Na hora, já percebi a maldade, porque sou muito atenta e fico alerta para esse tipo de coisa sempre e, em banheiro, não poderia ser coisa boa."

A dentista conta que registrou um boletim de ocorrência, mas que o posto de gasolina não deu assistência ou entrou em contato para informar o que aconteceu. "Soube que ele foi demitido por um jornalista", disse. Depois do ocorrido, ela chegou a ver a gravação. 

"Chegamos a ver os primeiros dez segundos do vídeo, onde apareço sentada e, depois, me levantando", contou. "Não sei o que se passa na cabeça de um homem para fazer isso. É uma pergunta difícil. É surreal."

CRIME DE REGISTRO NÃO AUTORIZADO DE INTIMIDADE

De acordo com informações da Polícia Civil, o frentista, que não teve o nome revelado, foi encaminhado para a 14ª Delegacia de Polícia no Leblon, onde foi registrado um termo circunstanciado — quando é o caso de um crime de menor potencial ofensivo — pelo crime de registro não autorizado de intimidade sexual. Ele foi liberado na sequência e demitido do posto onde trabalhava.

O caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim). Para esse tipo de infração, a pena pode chegar a prisão de seis meses a um ano mais multa.

"NÃO IMAGINAVA REPERCUSSÃO", DIZ VÍTIMA

Laíris conversou com a reportagem na manhã desta segunda-feira (17), entre duas entrevistas para canais de televisão. "Não imaginava uma repercussão grande assim. Quando a gente denunciou, imaginei que fosse repercutir mais pela Baixada (Fluminense), em Queimados (município do Rio de Janeiro, a uma hora do local do assédio), por eu ser daqui. Mas tenho recebido várias mensagens de pessoas de outros Estados se solidarizando", contou.

Para ela, o caso ganhou destaque porque mulheres se identificaram com a situação que ela viveu.

Laíris estava acompanhada do marido e de um casal de amigos quando percebeu que estava sendo filmada. "Nós, mulheres, estamos cada vez mais vulneráveis hoje em dia. Acho que fui um exemplo para que elas não se calem", afirma.

Sua amiga que a acompanhava gravou um vídeo após o que aconteceu e publicou no Instagram.

A dentista disse que já vivenciou outros tipos de assédio, como cantadas na rua. "Mas nunca tinha acontecido algo dessa forma, tão invasiva."

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