SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A queda de um avião da companhia Voepass, antiga Passaredo, matou os 57 passageiros e quatro tripulantes a bordo nesta sexta-feira (9), em Vinhedo (SP).
A aeronave do voo 2283, que ia de Cascavel (PR) para Guarulhos (Grande São Paulo), caiu em um condomínio. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão, seguida de muita fumaça.
O voo 2283, que fazia o trajeto de Cascavel (PR) a Guarulhos (Grande São Paulo), decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40.
O avião era um turboélice comercial bimotor de médio porte, modelo ATR-72-212A (500), fabricado em 2010. O modelo costuma ser usado em voos regionais de rotas domésticas, ou seja, para distâncias mais curtas.
Segundo a Voepass, eram 61 pessoas no total, sendo 57 passageiros e 4 tripulantes. Inicialmente, a empresa informou que seriam 58 passageiros, mas depois atualizou o número. A capacidade máxima do avião era de 68 ocupantes.
A aeronave perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.
Registros do site mostram que o turboélice começou a perder altitude às 13h20, quando estava a cerca de 5.100 metros. Cerca de um minuto depois, atingiu 1.798 metros, a última atualização disponível.
Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.
O órgão informou que o voo ocorreu dentro da normalidade até as 13h20 e, às 13h22, um minuto após deixar de responder, houve a perda de contato com o radar. O avião caiu em uma área residencial no bairro Capela.
Especialistas em aviação ouvidos pela reportagem levantaram duas hipóteses principais, ressalvando que ainda é cedo para conclusões e que é preciso aguardar as investigações.
Vários vídeos do momento da queda mostram que a aeronave desceu em queda livre girando levemente no ar, manobra conhecida como "parafuso chato", o que sugere que o piloto havia perdido o controle da aeronave e as condições de arremeter.
Duas possibilidades apontadas são uma falha no sistema de degelo, diante da suspeita de que gelo tenha se acumulado nas asas da aeronave, e uma falha na posição das hélices. Os dois cenários são capazes de afetar a capacidade de tração da aeronave.
Para os especialistas, pode-se descartar a possibilidade de falha elétrica ou no motor, pois há sistemas auxiliares que normalmente não fariam com que o avião caísse em queda livre, e também de pane seca, já que o combustível queimou no solo.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira, informou que encaminhou agentes ao local. O Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, também ligado à FAB, participa da apuração.
A Polícia Federal abriu uma investigação para apurar o acidente. Segundo nota divulgada pela corporação, agentes se dirigiram imediatamente para o ponto do acidente e a instituição compõe um gabinete de crise montado no aeroporto de Guarulhos (SP).
Investigadores da França e do Canadá, fabricantes da aeronave e dos motores do modelo que se acidentou, também foram chamados para participar presencialmente das investigações.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a aeronave estava com os controles em dia. A renovação do certificado de aeronavegabilidade era prevista para junho de 2026.
As informações colhidas até o momento dão conta de que tanto a situação do avião quanto a dos tripulantes estavam regulares, conforme a Anac.
As caixas-pretas foram recuperadas pelo Cenipa. Os gravadores e registros de dados do voo serão encaminhados para a capital federal, onde há um laboratório de análise desses materiais.
A Voepass divulgou nesta sexta uma lista com o nome dos 57 passageiros e dos quatro tripulantes do voo. Confira aqui. Não há informação de pessoas em solo que tenham sido atingidas.
Todos os corpos serão levados para o IML (Instituto Médico-Legal) de São Paulo, pela avaliação de que a unidade tem mais recursos para fazer a identificação das vítimas.
A Polícia Civil de São Paulo anunciou ter acionado um protocolo para mobilizar uma força-tarefa com peritos e delegados na tentativa de acelerar o reconhecimento dos mortos.
O acidente desta sexta é o mais letal em solo brasileiro desde 2007, segundo dados da Aviation Safety Network. Naquele ano, um acidente com um voo da TAM nos arredores do aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital, causou 199 mortes -187 vítimas estavam a bordo e outras 12 em terra.
Com 61 mortes, a tragédia de Vinhedo também fará de 2024 o ano mais letal da década, superando as 16 mortes registradas em 2016.
Até então, o número de óbitos envolvendo acidentes aéreos neste ano era de 8, segundo o Painel Sipaer, um serviço de estatísticas do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) que compila dados de acidentes nos últimos dez anos.
A queda, que teve repercussão internacional, também é o sexto maior acidente aéreo já registrado no Brasil, em termos de número de vítimas.
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