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O que se sabe sobre Arcturus, subvariante da Covid associada à conjuntivite

O que se sabe sobre Arcturus, subvariante da Covid associada à conjuntivite

São Paulo confirmou nesta segunda (1º) o primeiro caso da nova cepa; inflamação ocular pode ser um dos sintomas

Publicado em 2 de maio de 2023 às 15:54

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SÃO PAULO, SP - O Estado de São Paulo confirmou nesta segunda-feira (1º) o primeiro caso da subvariante Arcturus da Covid-19. Conhecida por ter relação com a conjuntivite em infectados, a cepa foi identificada pela primeira vez em janeiro de 2023 e, desde então, se espalhou por diferentes países.

Em março, a arcturus foi considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) uma variante sob monitoramento. Menos de um mês depois, a instituição indicou que a Arcturus era uma variante de interesse, o que significa um grau de maior preocupação.

Vacina Bivalente contra a Covid-19, em Vitória
Vacina bivalente contra a Covid-19 já é aplicada a maiores de 18 anos no Brasil. (Ricardo Medeiros)

SAIBA MAIS SOBRE A SUBVARIANTE ARCTURUS

O QUE É?

Com o nome técnico XBB.1.16, a Arcturus teve o primeiro registro em 9 de janeiro de 2023 e é descendente da XBB, uma linhagem da variante Ômicron. Ela tem um perfil semelhante ao da XBB.1.5, subvariante que assustou a OMS quando foi descoberta, por sua capacidade de transmissão. A Arcturus, no entanto, guarda duas mutações diferentes na proteína S, utilizada pelo vírus para entrar nas células humanas.

O país com mais casos registrados é a Índia, mas outros 36 também já sequenciaram a cepa, segundo o último relatório epidemiológico da OMS que considera dados de até 23 de abril.

O que se sabe sobre Arcturus, subvariante da Covid associada à conjuntivite

A cepa foi considerada uma variante de interesse em abril de 2023. Segundo a OMS, uma cepa é classificada dessa forma quando apresenta mutações que podem afetar características como transmissibilidade, virulência ou escape de anticorpos. Além disso, a cepa precisa ter um crescimento da sua disseminação em diferentes regiões do mundo, causando um aumento no número de casos, para ser considerada de interesse.

QUAIS OS SINTOMAS?

A Arcturus pode causar os sintomas já conhecidos da Covid-19, como febre, tosse, dores e problemas respiratórios. Uma das características que chama atenção, contudo, é a Arcturus ter relação com o aparecimento de conjuntivite nos infectados.

Fernando Spilki, virologista e coordenador do projeto de sequenciamento genômico Rede Corona-ômica BR-MCTI, diz que existem relatos na Índia e em outros países da relação da Arcturus com a inflamação ocular, especialmente em crianças. Ele afirma, porém, que é preciso uma avaliação mais minuciosa, até porque esse sintoma já era visto anteriormente. "Casos esporádicos de conjuntivite já vinham sendo reportados desde 2020", diz.

Mas a informação do sintoma já pode ser útil para que as pessoas fiquem atentas em caso de suspeita de infecção pelo coronavírus.

CAUSA CASOS MAIS GRAVES?

A Arcturus apresenta semelhanças com a XBB.1.5 — e isso também vale para a proteção conferida pelas vacinas ou por infecções prévias.

Um documento da OMS que avaliou a Arcturus a classificou como de risco moderado. A conclusão se baseia em parte em um estudo pré-print (quando não é veiculado em uma revista científica com revisão de outros especialistas) que observou não haver diferença no grau de escape imunológico entre a Arcturus e outras subvariantes já registradas, como a XBB.1.5 e a XBB.1.

Mas esse grau não é um indicativo de que a cepa necessariamente cause quadros mais graves da doença. Na Índia, por exemplo, a circulação da Arcturus não ocasionou aumento nas hospitalizações, nem maior necessidade do uso de ventilação mecânica em uma população em que cerca de 70% já tomou alguma dose de reforço de vacina contra Covid-19.

"Evidências disponíveis não sugerem que a XBB.1.16 tenha um risco adicional para a saúde pública que outras linhagens descendentes da ômicron em circulação", resume a OMS na avaliação de risco da subvariante Arcturus.

A TRANSMISSÃO É MAIOR?

O mesmo estudo pré-print que concluiu não haver diferenças da Arcturus para o sistema imunológico observou que a variante pode causar um maior número de casos se comparada a outras cepas, como a própria XBB.1.5.

O ponto também é visto no relatório de risco feito pela OMS. A organização informa que a variante pode "se espalhar globalmente e levar a um aumento na incidência de casos". A própria classificação da Arcturus como variante de interesse é um indicativo de que ela já se espalha em diferentes regiões e causa novos casos.

Por isso, o órgão recomenda que os países estejam atentos ao grau de disseminação da cepa e disponibilizem essas informações para uma avaliação constante de seus impactos.

O QUE A ARCTURUS REPRESENTA PARA O BRASIL? 

O primeiro caso registrado da Arcturus pode causar preocupação, mas Spilki diz que é importante esperar um pouco mais para entender seus impactos. 

Aspas de citação

Ainda é cedo para dizer qual é e qual será o grau de disseminação dessa variante

Fernando Spilki 
Virologista e coordenador do projeto de sequenciamento genômico Rede Corona-ômica BR-MCTI
Aspas de citação

O virologista afirma que dados de amostras de semanas passadas não apontam um grau de disseminação da cepa. No entanto, essa constatação pode mudar a partir de novas análises.

Segundo Spilki, com o anúncio do caso confirmado, é esperado que o sequenciamento de amostras passadas aumentem para observar se já houve outras infecções da cepa no país. E diz que o sequenciamento das próximas semanas também será necessário para avaliar o grau de disseminação.

O especialista ressalta ainda que o aumento de casos da subvariante Arcturus em outros países não significa que necessariamente isso irá ocorrer no Brasil. "Na Índia, por exemplo, ela se disseminou grandemente, mas claro que a gente tem uma dinâmica própria no Brasil. Nem sempre se repete o mesmo panorama", conclui.

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