SÃO PAULO - Com as recentes ondas de calor que atingem diversas partes do país, com temperaturas perto dos 40°C, muita gente tem abusado dos aparelhos de ar-condicionado, e outros sonham em ter um para chamar de seu.
Especialista, porém, alerta que é preciso tomar uma série de cuidados para evitar superaquecimento na rede elétrica e incêndios.
Quem ainda vai instalar o aparelho precisa avaliar as condições da rede elétrica.
"Tem que verificar a fiação elétrica da casa ou apartamento porque vai ter uma demanda maior de energia. Vai ter uma corrente maior passando pelos painéis e pelos fios. Tem que ter cuidado para que essa fiação esteja direcionada para essa demanda maior de corrente", diz Alberto Hernandez Neto, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).
Outro ponto importante, diz o professor, é instalar disjuntores adequados e que desliguem em caso de falha elétrica.
"Normalmente, as pessoas acabam colocando um disjuntor maior que o necessário. Se há um superaquecimento do fio ele não desliga o aparelho, deixa funcionando e pode acontecer um incêndio", explica.
De acordo com o especialista, foi isso o que aconteceu no centro de treinamento das categorias de base do Flamengo, que deixou dez adolescentes mortos em fevereiro de 2019.
"O problema é esse, se começa a puxar muita corrente e o fio não está adequado, ele aquece mais, aquecendo mais a gente pode gerar uma temperatura de combustão, por exemplo, do painel elétrico. Foi o que aconteceu lá no Ninho do Urubu do Flamengo. Um painel elétrico não estava dimensionado para o ar condicionado, aqueceu demais e pegou fogo. Então tem esse risco", afirma Neto.
O Corpo de Bombeiros foi procurado, mas não tem levantamento sobre incêndios causados por aparelhos de ar-condicionado. A corporação também não notou aumento nesse tipo de ocorrência.
Os aparelhos domésticos mais comuns são chamados de split. Eles têm duas unidades, uma chamada de interna ou evaporadora, é a que climatiza o ambiente. A outra, fica na parte externa, e é chamada de condensadora.
"Quando vai fazer a instalação, tem que ter um técnico qualificado para instalar no lugar correto. É uma pessoa qualificada para fazer isso, senão pode ter vários problemas, desde problemas elétricos, até de o equipamento não funcionar adequadamente porque ele está mal posicionado", diz.
O professor diz que vários prédios, principalmente os mais antigos, não permitem instalar o ar condicionado por questões técnicas. E muita gente tem colocado a parte que deve ficar do lado de fora dentro dos ambientes.
"Ela pega o calor que está na sala, no quarto, e rejeita para o lado externo. Se você coloca [a condensadora] dentro de um banheiro de serviço, por exemplo, ele vai rejeitar para o banheiro de serviço. Vai ganhar uma fonte de calor dentro do apartamento. O equipamento precisa de uma ventilação boa para funcionar adequadamente. Se é colocado no interior do banheiro ou área de serviço a ventilação é precária. Então, ele acaba aumentando o consumo de energia e trazendo riscos", aponta.
Já para quem já tem o aparelho instalado, mas que passa a maior parte do tempo desligada ou ficou muito tempo sem uso, é importante fazer uma revisão antes de retomar a utilização nessas épocas de muito calor.
"É preciso fazer uma revisão dos componentes, principalmente o compressor e os controles. Além de fazer uma limpeza do filtro para começar a utilizar. Pedir uma visita técnica para fazer essa avaliação", ressalta.
O professor reforça a importância de não sair de casa e deixar o ar condicionado ligado.
"O aparelho não tem nenhuma segurança do ponto de vista elétrico. Ele não tem nenhum alerta sobre sobrecarga elétrica. Ele vai ficar ligado na energia. Se tiver superaquecendo o fio, o ar condicionado não avisa isso", afirma ele. O problema pode inclusive causar um incêndio. "Se está fora do ambiente, desliga o ar condicionado porque ele não vai ser útil. Se não tem pessoas, não faz sentido ficar ligado."
O professor da Poli também alerta para o alto consumo dos aparelhos, que pode ser de 30% a 40% da conta de energia elétrica.
Além das questões de saúde, os filtros precisam estar limpos também para evitar mais aumentos na conta.
"Se o filtro não está limpo, ele bloqueia o ar. Ele vai fazer com que o fluxo de ar não seja tão adequado. A pessoa acaba usando mais que o necessário", explica sobre o tempo de uso e a potência.
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