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Órgão ambiental acusa Braskem de omitir tremores iniciados há 1 mês em mina

Órgão ambiental acusa Braskem de omitir tremores iniciados há 1 mês em mina

Instituto do Meio Ambiente de Alagoas afirma que foram decotados problemas na mina no início de novembro; Braskem nega acusação

Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 09:20

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Famílias que ainda vivem na região afetada pela mineração em Maceió saem de casa após ordem judicial - Mutange foi um dos bairros de Maceió desocupados por causa do afundamento do solo causado pela mineração
Famílias que ainda vivem na região afetada pela mineração em Maceió saem de casa após ordem judicial - Mutange foi um dos bairros de Maceió desocupados por causa do afundamento do solo causado pela mineração . (Reprodução/ TV Gazeta)
JOSUÉ SEIXAS E NICOLA PAMPLONA

Embora os alertas sobre colapso de mina da Braskem em Maceió tenham ganhado força na semana passada, sinais de problema começaram a surgir há um mês. Para o IMA-AL (Instituto do Meio Ambiente de Alagoas), a empresa petrolífera omitiu a informação e, por isso, foi multada em R$ 2 milhões.

A penalidade se refere ao descumprimento de condicionante da licença de descomissionamento das minas, que prevê alerta imediato de problemas nas antigas estruturas de extração de sal-gema da capital. Segundo o IMA, análise prévia ao preenchimento da mina 18 no dia 7 de novembro detectou a obstrução de sua cavidade.

A Braskem afirmou em nota que a afirmação é inverídica. "Foram feitas comunicações imediatas aos órgãos competentes, inclusive ao IMA, a respeito das alterações captadas nos dados da rede de monitoramento, bem como as medidas de segurança adotadas pela companhia."

De acordo com o meteorologista e coordenador do centro de monitoramento da Defesa Civil de Maceió, Hugo Carvalho, os primeiros sinais de problemas na mina 18 surgiram no dia 6 de novembro, com sismos de magnitude 1,15.

A primeira fase durou até o dia 11, com uma atividade semelhante. Depois, até 20, houve uma normalidade, com os tremores voltando a acontecer em seguida, mas em baixa magnitude. A partir dali, os equipamentos passaram a mostrar a subsidência (afundamento) do solo.

No dia 27, dois sismos (tremores) consideráveis foram notados pelos equipamentos: um às 1h40 e outro às 15h43. No dia 29, a movimentação continuou e chegou ao seu ápice, com um afundamento de 5 cm/h, às 23h53.

A mina 18 é uma das 35 que vinham sendo usadas pela Braskem para explorar sal-gema em Maceió. A operação foi interrompida em 2019, após os primeiros problemas com tremores de terra, e a empresa se comprometeu a fechar todas elas.

Segundo a companhia, o plano de fechamento das minas está 70% concluído, com previsão para ser finalizado em 2025. A mina 18 estava em processo de fechamento "devido à movimentação atípica do solo", paralisando todas as atividades da empresa na região.

Na mina 18, a previsão era ocupar a cavidade com areia, assim como em outras oito minas. Nesse procedimento, após preencher a cavidade, o poço é fechado com cimento. Em outras cinco, a empresa afirma que houve preenchimento natural, com resíduos do subsolo.

"As demais 21 cavidades estão sendo tamponadas ou monitoradas, sendo que em 7 delas o trabalho já foi concluído", afirmou a companhia. "Todo o trabalho segue prazos pactuados no âmbito do plano de fechamento, que é regulamente reavaliado com a ANM [Agência Nacional de Mineração]."

A ANM não retornou ao pedido de entrevista feito pela reportagem. Em sua mais recente manifestação sobre o tema, na sexta (1º), disse que o problema era isolado, que enviou equipes a Maceió e que "vem acompanhando regularmente a implementação do plano de fechamento da mina da Braskem".

A Braskem foi multada ainda em R$ 70 milhões pelos danos causados pelo problema na mina 18.

Defesa Civil de Maceió reduz alerta de risco de mina da Braskem

Nesta terça (5), a Defesa Civil de Maceió mudou o nível de risco da mina 18 de "alerta máximo" para "alerta", com monitoramento contínuo, embora a velocidade tenha chegado a 0,27 cm/h.

Coordenador do centro de monitoramento do órgão, Hugo Carvalho diz, no entanto, que é preciso manter a cautela, já que essa movimentação continua alta para os padrões encontrados em anos anteriores.

O órgão tinha anunciado na última quarta (29) que a mina estava afundando e corria risco de desabamento. Com isso, pessoas que moravam próximos a região tiveram que ser retiradas.

Quando o aviso inicial foi dado, o afundamento era de 5 cm por hora. Na segunda (4), ele tinha diminuído para 0,26 cm, segundo a Defesa Civil municipal. Apesar de um leve aumento para 0,27 cm nesta terça, o órgão considerou que o alerta podia ser reduzido. Ao todo, o deslocamento vertical acumulado é 1,89 metros.

Mesmo com a mudança, a área próxima da mina deve continuar vazia. "Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo", afirma o balanço.

O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), disse que o governo Lula (PT) vai pagar um auxílio para pescadores e marisqueiros que foram atingidos pelas atividades mineradoras da Braskem.

Dantas também pediu a participação da AGU (Advocacia-Geral da União) para monitorar e garantir a reparação da empresa para as vítimas, revisando o acordo que havia sido fechado entre prefeitura e a empresa.

O governador também solicitou ao presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB) ajuda para tratar do déficit habitacional na capital alagoana, problema que foi aumentado com o risco de colapso da mina de sal. Disse que todos os pedidos foram atendidos.

Considerado o maior desastre ambiental urbano do país, o caso começou em 3 de março de 2018, quando foram notados os primeiros tremores de terra em bairros próximos de onde ficam as minas da empresa no município. Na ocasião, o abalo fez ceder trechos de asfalto e causou rachaduras no piso e paredes de imóveis, atingindo cerca de 14,5 mil imóveis.

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