BRASÍLIA - O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta quinta-feira (11) que o uso do aparato estatal para espionar e perseguir parlamentares "é ato criminoso, que fragiliza não somente a instituição, mas a democracia e a soberania do país".
"Contaminar a Agência Brasileira de Inteligência com ações político-partidárias e se utilizar do aparato estatal para espionar e perseguir parlamentares legitimamente eleitos é ato criminoso, que fragiliza não somente a instituição, mas a democracia e a soberania do país", disse em nota.
Parlamentares que teriam sido espionados durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) compararam a chamada "Abin Paralela" à polícia secreta nazista Gestapo e a práticas ditatoriais, diante das informações da Polícia Federal divulgadas nesta quinta-feira (11).
O líder do governo Lula (PT) no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que foi vice-presidente da CPI da Covid, em 2021, afirmou a jornalistas que a investigação mostra uma "sintonia fina" da estrutura encontrada com o "gabinete do ódio" que buscava descredibilizar desafetos na gestão bolsonarista.
Randolfe destacou a atuação do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e hoje pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.
"Primeiro, espero que ele se defenda. Os autos das investigações que são liberados dão conta da atuação pessoal do deputado, do papel dele controlando, inclusive, as espionagens, as bisbilhotagens contra os membros da oposição ao regime", disse.
"O que nos resta patente é que o senhor deputado, lamentavelmente, comprovado – repito, comprovado tudo que está nos autos da investigação –, atuou como um verdadeiro chefe da Gestapo do regime anterior", completou.
A lista de autoridades monitoradas ilegalmente pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), segundo a PF, inclui parlamentares, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e jornalistas, além de pessoas ligadas às autoridades, como assessores.
No Congresso, um dos principais alvos teria sido a cúpula da CPI da Covid, que investigou a atuação do governo Bolsonaro na pandemia: o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM); o vice, Randolfe; e o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
"Como democrata, lamento e repudio que estruturas do Estado tenham sido criminosamente capturadas para atuar como policias políticas, com métodos da Gestapo, um pântano repugnante e sem fim. Sigo confiante nas instituições, na apuração, denúncia e julgamento dos culpados", disse Calheiros.
Aziz afirmou em nota que teve a vida devassada, foi acusado e atacado, mas permaneceu de pé contra seus detratores: "Foram quatro anos de perseguição, averiguação e análise da minha vida sem nada encontrarem. Porque não devo nada".
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que também participou ativamente da CPI da Covid, afirmou que a investigação da PF mostra atuação típica de governos ditatoriais e que havia "bandidos alojados no poder no governo passado".
A comparação com uma ditadura também foi feita pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, um dos principais desafetos de Bolsonaro. Maia afirmou que tomará todas as medidas legais cabíveis contra Ramagem e outros envolvidos.
"Espionagem utilizando o aparato estatal a pessoas consideradas adversárias do antigo presidente é comportamento de governo totalitário e criminoso, típico das piores ditaduras. Assusta imaginar que Alexandre Ramagem, então servidor público, hoje deputado federal, comandou um esquema de monitoramento de pessoas."
O atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que também teria sido monitorado ilegalmente, não se manifestou até a publicação deste texto.
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