Para o presidente do Google Brasil, Fábio Coelho, não cabe às plataformas de tecnologia o papel de árbitro do que caracteriza fake news ou não.
O problema da disseminação de notícias falsas é tema de um projeto de lei que tramita no Congresso. Na versão inicial do texto, cabia às plataformas, como Google e Facebook, remover obrigatoriamente esse tipo de conteúdo. Criticado por empresas e pesquisadores, o dispositivo foi retirado do texto aprovado no Senado, mas ainda pode voltar durante a votação na Câmara.
Durante live com a Febraban (federação dos bancos) transmitida nesta quarta-feira (29), Coelho foi questionado sobre o papel das empresas de tecnologia no enfrentamento às fake news, especialmente no contexto atual de pandemia e riscos à saúde.
Em sua resposta, o presidente do Google no Brasil afirmou que a empresa remove conteúdos flagrantemente errados, como racismo e incitação ao ódio, mas se a questão for uma divergência de opinião, não há como a empresa interferir.
"O problema é que agora temos na nossa sociedade pessoas tentando mudar a realidade. Terraplanismo, pessoas que não acreditam em vacina, é uma loucura, são teses não comprovadas. Mas como você faz? Essas pessoas também têm direito a voz", afirmou o executivo.
Coelho criticou ainda a remoção de perfis acusados de disseminar notícias falsas. "Tais pessoas são eméritos espalhadores de fake news e têm que ser tiradas do mundo virtual. Não dá para fazer isso", afirmou.
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio de perfis bolsonaristas nas redes sociais no âmbito do inquérito das fake news.
Moraes argumentou que sua decisão tinha como objetivo "a interrupção dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática".
Apesar das críticas a esse tipo de ação, o presidente do Google afirmou que a empresa vai respeitar determinações judiciais.
Na visão de Coelho, o modo mais efetivo de combate ao problema é a valorização da imprensa de qualidade e as agências de checagem. "Temos que valorizar o que é bom, punir o que é ruim e educar as pessoas."
O executivo também atribui à "educação do cidadão" o combate a crimes virtuais. Coelho citou o caso do aplicativo da Caixa Econômica para pedido do auxílio emergencial, que enfrentou o problema do surgimento de vários apps falsos diziam realizar essa função para coleta de dados do usuário.
Segundo Coelho, 93% dos downloads do app da Caixa foram feitos via Android, de propriedade do Google.
"Você tem que subir o app certo do governo e não pode deixar que mais ninguém entre reproduzindo apps falsos. O processo de segurança na internet avança à medida em que as ferramentas fiquem melhores e o cidadão, mais esclarecido", disse.
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