Com crescimento exponencial do novo coronavírus e escassez de leitos livres para pacientes da Covid-19, o governo do Paraná baixou nesta terça-feira (30) um decreto restringindo comércio e serviços em um terço das cidades do estado. Apesar de chamar as medidas de "quarentena mais restritiva", as novas regras pouco diferem de um "lockdown".
Em 134 dos 399 municípios do estado, incluindo Curitiba, somente os serviços essenciais vão funcionar pelo prazo de 14 dias, prorrogáveis por mais tempo. Os supermercados só vão atender de segunda a sábado com 30% da capacidade de público e as compras poderão ser feitas apenas por uma pessoa da família, que seja maior de 12 anos.
Bares e serviços de conveniência em postos de combustíveis serão fechados. Restaurantes e lanchonetes só vão funcionar com entrega e retirada no balcão. Parques, praças e outras áreas de atividade coletiva ao ar livre também serão bloqueadas. Já os ônibus estarão restritos para pessoas que atendam em serviços essenciais, respeitando o número de assentos.
O documento também suspende a realização de cirurgias e outros procedimentos não urgentes e autoriza todos os municípios do Paraná a instalarem barreiras sanitárias nos seus limites territoriais para conter o avanço da pandemia. O decreto determina que reuniões sejam feitas apenas virtualmente. Sendo imprescindível a presença, ficam restritas ao máximo de cinco pessoas, com distanciamento de dois metros.
Ainda estabelece multas que variam de aproximadamente R$ 105 a R$ 525 para pessoas físicas e de R$ 2.100 a R$ 10.500 para empresas que descumprirem medidas.
As novas regras atingem as regiões oeste e leste do estado, onde fica a capital Curitiba, impactando 6,3 milhões de pessoas, pouco mais da metade da população paranaense.
As regiões estão com média de 75% na taxa de ocupação de UTIs exclusivas para tratamento da Covid-19. Na capital, o porcentual atingiu 87% nesta terça-feira, considerando os leitos intensivos reservados somente para pacientes adultos. Outros cinco municípios já esgotaram vagas em UTIs, segundo consta no último boletim do governo estadual.
Até então, a gestão de Ratinho Jr. (PSD) não havia tomado medidas mais severas para estimular o isolamento social. Os decretos estaduais apenas orientavam o funcionamento das atividades, mas a decisão pela abertura do comércio, shoppings e academias ficou a cargo de cada prefeitura.
No anúncio das medidas, o governador defendeu o modelo adotado até então. "Não era inteligente soltar um mesmo decreto para Curitiba e Marumbi, [cidade] com 5.000 habitantes. Agora, nosso decreto é regional, para resolver problemas agudos, por isso tem força maior. Não é mais uma solução pontual da cidade, mas coletiva, de forma regional", disse.
"É uma medida prudencial", avaliou o prefeito da capital Rafael Greca (DEM) sobre o decreto. Em nota, a prefeitura afirmou que deve publicar ainda nesta terça-feira novas medidas para adequar a cidade às determinações estaduais.
O decreto do governador cita que, até domingo (28), em 14 dias, o registro de casos do novo coronavírus mais que dobrou no Paraná - de 9.583 para 20.516. As mortes pela infecção foram de 326 para 586 no período, ou seja, cresceram quase 80%.
O documento considera ainda que a expansão de leitos de UTI exclusivos para pacientes com a Covid-19 está no último estágio programado pelo governo e que já estão escassos os medicamentos anestésicos e relaxantes musculares, necessários para intubação de pacientes.
Mesmo ainda com capacidade para ampliação dos leitos, ao anunciar as medidas, o secretário stadual de saúde Beto Preto destacou que o estado possui um limite. "Não temos respirador, equipamentos, remédios e pessoal para ampliar de tal forma", disse.
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