Em meio a críticas sobre a morosidade na compra de vacinas e na elaboração no plano nacional de imunização, o ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou nesta quinta-feira (17) que o Brasil está na vanguarda do planejamento e que o país vai receber 62,4 milhões de doses até o mês de fevereiro.
Pazuello incluiu nessa estimativa as imunizações da AstraZeneca, Butantan e da Pfizer/BioNTech. O ministro inclusive ressaltou a possibilidade de entrega da Coronavac -- parceria do Instituto Butantan com a chinesa Sinovac --, mas por outro lado criticou os termos apresentados pela americana Pfizer.
A nova versão do plano de vacinação, divulgada nesta quarta, não informava o cronograma e total previsto de doses para os primeiros meses de 2021. Também não havia menção às doses em negociação com o Butantan, cuja vacina voltou a ser citada no documento como uma das apostas do país para oferta à população.
Pazuello explicou que 24,7 milhões de doses têm previsão de entrega ao longo de janeiro, sendo 15 milhões fornecidas pela AstraZeneca, cerca de 9 milhões do Instituto Butantan e outras 500 mil da Pfizer.
Em fevereiro, argumenta, serão outras 37,7 milhões de doses, principalmente por conta do aumento do fornecimento do Instituto Butantan.
O ministro rebateu as críticas de lentidão do governo na compra de imunizações. Em um momento em que países como Estados Unidos e Inglaterra começam a receber doses das imunizações, Pazuello afirmou que o país "não está sendo atropelado" na questão das vacinas.
"Como nós formamos todas essas possibilidades e números, nós estamos numa vanguarda. Nós não estamos sendo atropelados, nós estamos numa vanguarda", afirmou, durante participação em sessão temática no Senado.
O ministro também falou em tom crítico sobre a proposta de fornecimento de vacinas pela americana Pfizer, que ganhou destaque recentemente por obter autorizações emergenciais do Reino Unido e dos Estados Unidos. A imunização começou, inclusive, a ser aplicada na população desses dois países.
Pazuello afirmou que a empresa americana havia informado que não vai se responsabilizar por efeitos colaterais pela administração da vacina na população e que também não quer ser julgada pelo Judiciário do Brasil.
"Quando a gente fala de Pfizer -- e aqui eu coloco que eu acompanhei a primeira reunião da Pfizer no nosso ministério -- as colocações do CEO da empresa foram realmente muito duras. E eu fui deixando: 'Não, claro! Vamos fazer'. Isenção completa de qualquer responsabilidade de efeitos colaterais da empresa -100% de isenção", disse o ministro.
"Qualquer pessoa que tenha passado mal com a vacina da Pfizer, a responsabilidade não será da Pfizer, se nós assinarmos o contrato dessa forma. Os senhores sabiam disso? Acho que não."
"A Pfizer também não quer ser julgada nos nossos tribunais. Não aceita ser questionada nos nossos tribunais. Nós temos que assinar uma cláusula dizendo que ela só vai responder em tribunais internacionais, não no Brasil", completou.
Pazuello também afirmou que a empresa não vai entregar o diluente para a vacina e que não havia fornecido mecanismos para a conservação da imunização, que exige condições especiais de armazenamento, com -70oC.
O ministro também afirmou que a quantidade oferecida -- 500 mil doses por mês -- está muito abaixo das necessidades brasileiras.
"Essa foi a proposta inicial da Pfizer, exatamente dessa forma, a primeira proposta. E na segunda proposta só mudou a caixa de isopor [para armazenamento]", disse.
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