O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta sexta-feira (11) que as autorizações emergenciais para uso de vacinas contra a Covid-19 não são a solução para enfrentar a pandemia. Pazuello também disse que vai cobrar pessoalmente mais rapidez da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Reino Unido e Canadá já concederam autorizações emergenciais para o uso da vacina Pfizer/BioNTech, e os EUA devem dar sinal verde ainda nesta sexta ou nos próximos dias para o mesmo imunizante.
Vacinas com essa autorização só podem ser aplicadas em grupos específicos da população, como idosos ou profissionais da saúde, por exemplo, e não podem ser usadas para a vacinação em massa a população.
Durante inauguração do hospital maternidade Célia Câmara, em Goiânia (GO), o titular da Saúde afirmou que nenhuma vacina contra a Covid-19 recebeu o registro final de agências sanitárias pelo mundo.
"O que estamos vendo na Inglaterra é autorização emergencial de uso para grupos restritos e com assinatura de responsabilidade individual de forma muito grave, muito controlada. Essa mesma autorização emergencial foi feita nos Estados Unidos ontem [na verdade os conselheiros da agência recomendaram a aprovação] e será solicitada à Anvisa no Brasil", disse o ministro.
"Mas não é isso [autorização emergencial] que consideramos como solução. A solução será a vacina registrada, a vacina segura e distribuída para toda a população brasileira. Não vamos passar a responsabilidade a quem vai receber a vacina. A responsabilidade é das autoridades que estão oferecendo a vacina, de forma gratuita e voluntária."
Um dia após servidores da Anvisa divulgarem carta na qual afirmaram que não se dobram a pressões políticas e que o trabalho técnico está acima de qualquer pressão, Pazuello disse que vai cobrar pessoalmente mais celeridade da agência.
O ministro afirmou que as previsões para a vacinação estão diretamente ligada aos registros e às autorizações que serão concedidas pela agência.
"Cobrarei pessoalmente a Anvisa para que seja célere, dentro de toda a responsabilidade, dentro de toda a segurança. Mas cobrarei de forma séria para que a Anvisa seja mais célere, mais rápida possível em nos dar um registro, nos dar as autorizações necessárias para uso."
Mais uma vez, Pazuello mudou o discurso em relação à aquisição das vacinas. O Ministério da Saúde vinha defendendo que poderia adquirir qualquer vacina que fosse segura e eficaz e que obtivesse o registro da Anvisa.
Nesta sexta-feira, no entanto, Pazuello afirmou que determinou que seus subordinados levantassem os recursos para adquirir todas as vacinas disponíveis no país.
"Determinei hoje reuniões em Brasília para que buscarmos s os recursos necessários para a compra de todas as vacinas, para vacinar todo o nosso povo", disse. "Determinei também que nós tivéssemos contratos, não vinculantes inicialmente, mas já contratos, memorandos de entendimento, com todas as fabricantes de vacinas que se disponibilizarem no nosso país. Isso está acontecendo", completou.
O Brasil tem atualmente garantidas cerca de 370 milhões de doses que serão entregues em 2021. A maior parte faz parte da encomenda tecnológica feita junto à empresa AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford.
Estão previstas 100 milhões de doses dessa vacina no primeiro semestre do próximo ano. Com a tecnologia transferida para a brasileira Fiocruz, serão produzidos 160 milhões de doses em território brasileiro no segundo semestre.
Além dessas quantias, o Brasil passou a integrar o consórcio Covax Facility para adquirir 40 milhões de doses de algum dos laboratórios participantes. Nesta semana, o país também assinou memorando de entendimento para comprar 70 milhões de doses da imunização produzida pela americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech.
Sem mencionar nomes, o ministro da Saúde criticou indiretamente o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e disse que nenhum estado terá vantagem sobre os outros.
Doria anunciou o início da vacinação no estado em 25 de janeiro com a vacina Coronavac, parceria do Instituto Butantan com a chinesa Sinovac.
"A ansiedade faz parte, é criada pela própria situação da Covid-19, dos riscos, da gravidade da contaminação. É causada pelo açodamento de algumas autoridades do país", afirmou. "Faz parte. Mas o governo federal saberá na hora certa se posicionar claramente, como tem que ser, para manter a unidade e manter o padrão para todos nós. Nosso plano nacional de imunização é nacional. Nenhum estado da federação será tratado de forma diferente, nenhum brasileiro terá vantagem sobre outros brasileiros."
O ministro também atacou a imprensa e afirmou que cabe aos jornalistas apenas noticiar o fato, sem desvios.
"A notícia [falando de forma genérica] é clara e direta. A interpretação é do povo brasileiro, não é de um repórter ou de um redator. A notícia é essa, vamos deixar a interpretação para nosso povo. É eles (sic) que têm a capacidade de ver a notícia e interpretar da maneira correta."
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