Novas variantes do coronavírus capazes de enganar o sistema imunológico e mais transmissíveis devem surgir nos próximos meses, aponta pesquisa feita por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital Sírio-Libanês. Publicado na revista Viruses, o estudo alerta que essa é uma alta probabilidade e aumenta com a grande circulação do coronavírus – propiciada pela retomada do contato social – e não é possível afirmar que a letalidade menor apresentada pela Ômicron deve se repetir. O cenário ainda é preocupante, com cidades enfrentando lockdowns, como Xangai, na China.
A pesquisa revisou mais de 150 artigos científicos. Foram analisados aspectos do vírus, como seu potencial de mutação, a capacidade de controle do sistema imune, a transmissibilidade e a eficácia das vacinas. Quanto maior for a circulação do vírus, maior a probabilidade do surgimento de novas variantes.
"Decretar que a pandemia acabou e que o vírus foi vencido não é verdade", diz o líder do grupo de pesquisas em Bioinformática do Hospital Sírio-Libanês, Pedro Galante, também um dos autores do estudo. "Temos de continuar tomando todos os cuidados e medidas necessárias para evitar a transmissão", ressalta.
"Estamos olhando apenas para os números de casos e mortes (em queda) para dizer se é seguro ou não. Isso não é suficiente", afirma Cristiane. Nesta segunda-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, retirou a obrigatoriedade da apresentação do passaporte vacinal para frequentadores de bares, restaurantes, teatros e cinemas. Essa era a última restrição de circulação em vigor na capital fluminense e sua suspensão seguiu orientação do Comitê Especial de Enfrentamento da covid-19.
Galante afirma que as mutações que podem ocorrer no vírus ajudam a explicar por que a ideia de que o vírus se torna menos letal conforme evolui não é uma regra. No início da pandemia, as transmissões começavam um dia antes dos primeiros sintomas, diz a pesquisa. Com a variante Delta, esse período aumentou para três dias de transmissão assintomática e 74% dos contágios por aquela variante ocorreram nessa janela.
"As novas variantes evoluíram de forma a aumentar o período assintomático. Ou seja, as pessoas transmitem sem saber que estão contaminadas. Para o vírus o que importa é passar de uma pessoa para outra. O que vai acontecer com a pessoa depois disso (até a letalidade) 'não importa' para ele", afirma.
O Ministério da Saúde foi procurado, mas não se pronunciou.
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