SÃO PAULO - O passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja entrega foi requerida pela Polícia Federal (PF) e determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, já está em posse das autoridades.
O documento estava guardado no escritório que o ex-mandatário mantém na sede do PL, em Brasília. O local foi um dos alvos das operações de busca e apreensão realizadas nesta quinta-feira (8).
"Entrei em contato com o delegado que conduzia a diligência para que o mesmo já procedesse ao recebimento do passaporte atendendo, assim, a determinação do ministro [Alexandre de Moraes]. O delegado atendeu meu pedido e emitiu certidão da entrega", afirma o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que integra a defesa do ex-presidente.
Bolsonaro estava em sua casa na Vila Histórica de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ), quando a PF bateu à sua porta. Tercio Arnaud Thomaz, um dos assessores do ex-presidente e também alvo da operação, estava no local com ele.
"Saí do governo há mais de um ano e sigo sofrendo uma perseguição implacável", disse Bolsonaro numa ligação de WhatsApp por vídeo à reportagem.
Além de determinar a entrega do passaporte, a PF informou a Bolsonaro que ele está proibido de se comunicar com os outros alvos da operação.
O ex-presidente afirmou à reportagem que está ainda se inteirando das buscas e apreensões e das prisões e que não poderia dar mais declarações. "Estou tentando entender, parece que é um novo inquérito", disse.
A PF deflagrou nesta quinta a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito.
Ela teria tentado obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder mesmo depois de derrotado por Lula (PT) nas eleições.
As informações que embasaram a operação foram coletadas na delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Os policiais cumprem 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva em dez estados e no Distrito Federal (DF).
Dois ex-assessores de Bolsonaro — o coronel Marcelo Câmara e Filipe Martins — foram presos. Câmara já era investigado no caso da fraude ao cartão de vacinação do ex-presidente. Martins foi assessor especial para Assuntos Internacionais do ex-presidente.
Há ainda medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos.
Entre os alvos da operação estão os ex-ministros de Bolsonaro general Augusto Heleno (GSI), general Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça) e o ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira, como mostrou a Folha de S.Paulo.
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