BRASÍLIA - O Comando do Exército foi informado pela Polícia Federal na quarta-feira (7) de que militares da ativa seriam alvos de buscas no âmbito da operação contra ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A comunicação é praxe quando militares são alvos de buscas e é feita para que as Forças mobilizem pessoal para auxiliar no cumprimento das medidas judiciais.
As informações repassadas antecipadamente não detalham o nome dos militares alvos nem o endereço das residências. Segundo relatos feitos à reportagem, elas somente dão conta da cidade e região onde será necessário apoio militar para a operação.
No caso da operação desta quinta-feira (8), a comunicação prévia só dizia sobre a realização de buscas em endereços em Goiânia (GO) e Manaus (AM). Houve, porém, ação contra militares em outras regiões do Brasil, como Espírito Santo, Rio de Janeiro e Brasília (DF).
O Exército ainda realiza levantamentos internos para descobrir quem são todos os alvos das buscas e apreensões e, politicamente, avalia o impacto da operação nas relações institucionais.
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou a interlocutores que as investigações miram atos isolados de militares, sem afetar a rotina da Força, e que a operação não deve modificar o esforço feito institucionalmente para livrar as Forças Armadas de suspeição.
Generais ouvidos pela reportagem, porém, avaliam que a operação — a primeira que mira um general integrante da cúpula do Exército em 2022 — tem o poder de desgastar a imagem da Força.
O receio é a de que a investigação se prolongue e, por tempo indeterminado, o Exército siga vinculado aos atos antidemocráticos e tentativa de golpe apesar de sua cúpula, por maioria, decidir não dar aval a planos contra o resultado das eleições.
"O Exército Brasileiro (EB) acompanha a operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (8 de fevereiro de 2024), prestando todas as informações necessárias às investigações conduzidas por aquele Órgão", disse a Força, em nota.
No pedido ao STF para a realização das buscas e prisões, a Polícia Federal mostrou uma série de mensagens de celulares de investigados que apontam para a participação de ao menos seis oficiais-generais das Forças Armadas na discussão do decreto golpista.
Os oficiais-generais citados são estes: general Braga Netto (candidato a vice-presidente de Bolsonaro), general Estevam Theophilo (ex-chefe do Comando de Operações Terrestres), general Freire Gomes (ex-comandante do Exército), general Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha).
O general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira foi chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército até 1º de dezembro de 2023, dia em que realizou cerimônia para ir à reserva remunerada da Força.
A Folha de S.Paulo revelou que Theophilo participou de reunião a sós com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, após o segundo turno das eleições. Segundo a PF, o objetivo do encontro era que o então presidente buscasse apoio do general na empreitada golpista.
Theophilo é o primeiro general que estava na cúpula do Exército no período eleitoral a ser alvo da Polícia Federal. Segundo a PF, o general teria concordado com as investidas golpistas de Bolsonaro.
"Diálogos mantidos entre MAURO CID e BERNARDO ROMÃO CORREA NETO apontam que o General ESTEVAM THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA teria concordado em executar as medidas que culminariam na consumação do golpe de Estado, desde que o então Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO assinasse o decreto que vinha sendo debatido e ajustado, embora não se contasse com a adesão do General FREIRE GOMES."
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