A Polícia Federal enviou despacho ao Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo ministro Augusto Heleno, cobrando a apresentação de provas que apontariam a insatisfação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com a segurança pessoal dele e de seus familiares no Rio de Janeiro. A versão do governo é que as declarações do chefe do Executivo sobre durante a reunião ministerial se tratava de reclamações sobre a segurança pessoal, e não sobre a Polícia Federal.
A PF quer que o ministro apresente todas as eventuais trocas de comando na chefia do Escritório Regional do GSI no Rio de Janeiro entre 2019 e 2020, o detalhamento de eventuais óbices ou embaraços a nomes escolhidos para a segurança pessoal de Bolsonaro e seus familiares no período e informações sobre eventual extensão desde o ano passado da segurança pessoal do presidente.
As declarações de Bolsonaro se tornaram públicas na sexta (22) após o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal determinar a divulgação da gravação da reunião ministerial. Entre palavrões e ameaças, as imagens mostram o presidente cobrando mudanças no governo e fazendo pressão sobre Moro e os demais auxiliares sob a alegação de que não vai esperar foder a minha família toda.
Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira, disse Bolsonaro.
O Planalto alega que, neste momento, o presidente se referia à sua segurança pessoal no Rio de Janeiro, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional, sob comando do ministro Augusto Heleno. Ele não faz nenhum apontamento sobre a declaração durante a reunião.
Reportagem do Jornal Nacional, no entanto, mostrou que o presidente fez alterações, incluindo a promoção, de servidores em sua segurança pessoal semana antes da reunião sem qualquer dificuldade.
Moro, por sua vez, acusa o presidente de ameaçar demiti-lo caso não aceitasse a saída de Maurício Valeixo da direção-geral da PF e a substituição do comando da corporação no Rio de Janeiro, foco de interesse da família presidencial.
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