A PF (Polícia Federal) e as Forças Armadas deflagraram nesta sexta-feira (10) uma operação conjunta para destruição de aeronaves e maquinários do garimpo na Terra Indígena Yanomami. A ação tem o objetivo de instalação de bases policiais permanentes, de forma a tentar a retirada dos mais de 20 mil garimpeiros do território.
A operação envolve agentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e da Força Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Na segunda (6) e na terça (7), o Ibama deu início a ações voltadas à tentativa de desmobilização do garimpo ilegal, que provocou surtos de malária e gerou uma crise de saúde pública no território, com aumento expressivo de casos de desnutrição grave entre os indígenas. Houve destruição de aeronaves e maquinários e apreensão de mantimentos.
A ação inicial do Ibama envolveu poucos agentes, se comparada à operação colocada em prática nesta sexta.
Dezenas de policiais e militares foram enviados a Boa Vista na quarta, para a efetivação das ações na terra indígena. A PF e as Forças Armadas usam helicópteros do tipo Black Hawk, com capacidade para transportar mais de dez policiais cada um, uma aeronave considera ideal por forças policiais para esse tipo de operação.
No governo Jair Bolsonaro (PL), helicópteros do tipo foram sucessivamente negados pelas Forças Armadas diante de pedidos da PF por apoio logístico para ações na terra yanomami.
A ausência dos militares e a realização de operações com pouco efeito prático levaram a um crescimento e a uma consolidação do garimpo, que avançou por comunidades yanomamis até a fronteira com a Venezuela.
A operação planeja garantir o funcionamento de bases policiais no território. Essas bases devem permanecer por meses no território e serão operadas por policiais da Força Nacional. A operação logística das bases caberá ao Exército.
No dia 20, o governo Lula (PT) declarou estado de emergência em saúde pública no território, diante da explosão de casos de malária, desnutrição grave e doenças associadas à fome, como infecções respiratórias. Houve reforço de atendimento médico nas regiões mais atingidas, Surucucu e Auaris, esta última quase na fronteira com a Venezuela.
Depois, o governo passou a articular a realização de operações para retirada dos garimpeiros. A FAB (Força Aérea Brasileira) deu início a um controle do espaço aéreo, a partir do dia 1º, e cinco dias depois flexibilizou esse controle, para permitir a fuga de invasores em aviões e voos clandestinos usados no garimpo.
Invasores começaram a deixar o território. Quem não consegue voar faz um percurso que inclui dias de varação na floresta, dias num barco e caminhadas por estradas vicinais que conectam portinhos clandestinos a vilas de moradores em cidades do interior de Roraima.
Diante da complexidade e do tamanho do problema, o governo passou a adotar o discurso de que a retirada dos milhares de garimpeiros levará mais tempo do que o imaginado.
"Não vamos conseguir resolver isso numa semana. Temos ações e planos a médio prazo, a longo prazo. São ações que vão durar seis meses, um ano", disse na quarta a ministra Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas.
No mesmo dia, o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, afirmou que existe a preocupação de "não prejudicar inocentes", em referência a garimpeiros em fuga da terra yanomami.
"Têm pessoas que trabalham no garimpo para se sustentar. Têm mulheres, têm crianças. Têm alguns que estão trabalhando pelo seu sustento", disse Mucio.
Nesta quinta (9), a PF instalou um centro de comando e controle na sede da superintendência em Boa Vista. O centro é coordenado pela PF e integrado por Ibama, Funai, Força Nacional de Segurança Pública e Ministério da Defesa.
O objetivo do centro de comando é planejar ações para a Operação Libertação. O foco na primeira fase é destruir equipamentos de logística que garantem o funcionamento do garimpo.
"A operação integrada teve início nesta semana e permanecerá em andamento até o restabelecimento da legalidade na terra yanomami", disse a PF, em nota.
Também nesta sexta, a PF deflagrou em Boa Vista (RR) uma operação para cumprir oito mandados de busca e apreensão em endereços de suspeitos de integrar uma organização criminosa de lavagem de dinheiro a partir do comércio ilícito de ouro.
O grupo teria movimentado R$ 64 milhões em dois anos, segundo a PF. Empresas de fachada foram usadas na tentativa de dar ar de legalidade às transações financeiras, conforme as investigações. O dinheiro era oriundo de compra e venda de ouro ilegal.
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