FABIO SERAPIÃO
BRASÍLIA, DF - A Polícia Federal cumpre nesta quinta (17) 29 mandados de busca e apreensão para avançar na investigação sobre a suspeita do uso de estudos e pareceres da FGV (Fundação Getúlio Vargas) para fraudar licitações e corromper agentes públicos.
Segundo a PF, a operação Sofisma mira um esquema de corrupção, fraudes a licitação, evasão de divisas e lavagem de dinheiro implementado por uma organização criminosa que utilizava a instituição de ensino.
O esquema envolvia órgãos federais e estaduais, segundo a PF, que contratavam a FGV com dispensa de licitação. As investigações, iniciadas em 2019, mostram que havia superfaturamento de contratos.
A instituição era usada “para fabricar pareceres que mascaravam o desvio de finalidade de diversos contratos, que resultaram em pagamento de propinas”.
“Apurou-se que, mais do que emitir pareceres inverídicos que camuflavam a corrupção dos agentes públicos, a entidade superfaturava contratos feitos por dispensa de licitação e era utilizada para fraudar processos licitatórios, encobrindo a contratação direta ilícita de empresas indicadas por agentes públicos, de empresas de fachada criadas por seus executivos e fornecendo, mediante pagamento de propina, vantagem a empresas que concorriam em licitações coordenadas por ela”, informa nota divulgada pela polícia.
A FGV chegou a ser alvo de investigações relacionadas à Lava Jato no Rio de Janeiro e foi apontada pelo ex-governador Sergio Cabral como um "biombo legal" que fabricava pareceres e estudos para esconder desvios em contratos públicos e pagamento de propina para agentes públicos.
"Como a FGV é uma instituição, com muita justiça, de reputação, ela sempre foi usada como um biombo, de cobertura legal para efetivação de entendimentos prévios, digamos assim. Ela fugia da licitação e dava cobertura legal para estudos feitos por nós", disse Cabral à época.
O inquérito na PF foi aberto após o surgimento dessas informações de desvios em contratos do governo fluminense envolvendo a FGV.
Após os recebimentos milionários para emitir os pareceres e estudos, o dinheiro era repassado para executivos da FGV que ocupavam postos de comando na entidade.
A PF apurou que esses executivos ocultavam a origem desses valores por meio de repasses para empresas de fachada no Brasil e, também, para offshores sediadas em paraísos fiscais como Suíça, Ilhas Virgens e Bahamas.
Procurada na manhã desta quinta, a instituição não respondeu a reportagem até a publicação deste texto.
Para os investigadores, essas transações indicam lavagem de dinheiro, evasão de divisas e outros possíveis ilícitos fiscais.
A operação foi autorizada pela 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro e os mandados de buscas são cumpridos em São Paulo e na capital fluminense. A Justiça também autorizou o sequestro de bens.
*Com informações da Agência Brasil
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