Ao menos 35 servidores da Presidência da República foram contaminados pelo novo coronavírus, sete deles auxiliares diretos do presidente Jair Bolsonaro. Os dados foram obtidos pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação e se referem ao início de março até o dia 20 de maio. Em média, cada um dos funcionários públicos ficou 14 dias afastado de suas funções no Palácio do Planalto.
Até o dia 20 de maio, 76 exames haviam sido realizados nos ambulatórios da Coordenadoria de Saúde da Presidência (Cosau), dos quais seis testaram positivo para a Covid-19. Os demais diagnósticos foram feitos em laboratórios externos. Após disputa judicial com o Estadão, o presidente apresentou, no dia 13 de maio, o resultado de seus três testes, que indicaram que ele não foi infectado pelo coronavírus.
Desde o início da pandemia, o presidente tem descumprido as orientações das autoridades mundiais de Saúde para distanciamento social, indo a manifestações e visitando comércios. Nessas ocasiões, Bolsonaro, acompanhando por diversos auxiliares, frequentemente dispensa o uso da máscara, cumprimenta apoiadores com as mãos, faz selfies e pega crianças no colo.
No Distrito Federal, o uso de máscara é obrigatório em locais públicos. A multa pelo falta do equipamento é de até R$ 2 mil, mas o presidente não foi punido apesar de infringir a regra. Em reuniões e eventos no Planalto, as medidas de proteção não são adotadas de forma unânime. O uso da máscara é adotado conforme a vontade de cada um nos encontros em salas fechadas.
O Brasil é o segundo país no mundo com mais casos de coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Dados divulgados nesta segunda-feira, dia 1º, apontam que o Brasil registra 526.447 infectados e 29.937 mortes pela Covid-19.
O Palácio do Planalto emprega atualmente 3.395 servidores, que trabalham na Casa Civil, Secretaria de Governo, Secretaria-Geral da Presidência e Gabinete de Segurança Institucional. Eles se dividem no prédio principal e nos anexos do Planalto.
Por medida de segurança, pessoas acima de 60 anos e integrantes do grupo de risco puderam adotar o home-office. Segundo relatos ao Estadão, quando um caso é confirmado todos os outros funcionários que atuam no mesmo setor são encaminhados para testes.
O primeiro caso de Covid-19 confirmado no Planalto foi o do chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), Fabio Wajngarten, após viagem aos Estados Unidos com o presidente. Após Wajngarten testar positivo em 12 de março, Bolsonaro passou a ser monitorado e realizou três testes, mas se recusou a exibir os resultados. Os documentos só foram entregues após ação judicial do Estadão.
Após a viagem, outros servidores do Planalto também testaram positivo. Entre eles, o ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno; o ajudante de ordens major Mauro César Barbosa Cid; o chefe do cerimonial, Carlos França, e o assessor especial para Relações Exteriores, Filipe Martins. Então diretor do Departamento de Segurança Presidencial, coronel Gustavo Suarez, também foi infectado.
Pelo menos 23 pessoas da comitiva brasileira aos Estados Unidos foram infectadas, incluindo funcionários de Presidência, integrantes de outros ministérios, parlamentares e empresários.
Entre os auxiliares diretos do presidente, o caso mais recente de contaminação foi o do porta-voz Otávio Rêgo Barros, que não viajou aos Estados Unidos. Diagnosticado no dia 5 de maio, ele tem a volta ao trabalho no Palácio do Planalto programada para esta quarta-feira (3).
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