Acusado de matar a mulher grávida, a enteada de dois anos e um fazendeiro no último domingo (28), o caseiro Wanderson Mota, 21, se entregou à polícia de Goiás neste sábado (8) após seis dias de fuga.
Wanderson foi convencido a se entregar depois de invadir uma fazenda no início da manhã reclamando de fome e frio. O suspeito passou a ser chamado na região de "novo Lázaro", em referência a Lázaro Barbosa, que ficou conhecido como serial killer do DF e morreu em confronto com a polícia em junho.
O secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, disse, porém, que são casos diferentes. "O outro tinha histórico anterior de violência, houve confronto com a polícia, cometeu atrocidades e tinha intenção de continuar cometendo", afirmou, em entrevista coletiva.
"Esse sujeito [Wanderson] cometeu os crimes e depois fugiu. Não tivemos nenhuma notícia de que tivesse ameaçado mais alguém, embora tenha se apresentado com a arma do crime e uma grande quantidade de munições."
Desde o início da semana, uma operação conjunta entre as polícias Civil e Militar de Goiás, com apoio da Polícia Rodoviária Federal tentava capturar Wanderson. A avaliação da Polícia Civil é que ele procurou a fazenda de Cinda já com a intenção de se entregar.
À TV Anhanguera, a fazendeira Cinda Mara disse que Wanderson entrou armado em sua propriedade por volta das 6h. "A janela [estava] meio aberta na minha fazenda, aí ele chegou com um revólver, apontou a arma e eu pedi calma, falei para ele ficar tranquilo que eu iria ajudá-lo", disse ela.
Ele disse que estava com fome e com frio. "O que levou ele a se entregar foi o cerco. Lógico que o aconselhamento ajudou, mas o que levou ele a se entregar foi o cerco apertando ainda mais", afirmou o secretário de Segurança Pública.
A Polícia Civil acusa Wanderson de ter matado sua esposa Rânia Aranha Figueiro, 21, a enteada Geysa Aranha da Silva Rocha, de dois anos e nove meses, e o fazendeiro Roberto Clemente de Matos, 73. Ele teria ainda baleado a esposa da última vítima dele após tentativa de estupro.
Os crimes foram cometidos na cidade de Corumbá de Goiás, próxima do Distrito Federal. O suspeito se entregou em Gameleira de Goiás, a cerca de 100 quilômetros de distância.
Segundo as investigações, Wanderson teria matado primeiro a mulher, que estava grávida, e a enteada. As duas foram mortas a facadas. Depois, ele teria roubado a arma de seu patrão e invadido a propriedade de Roberto Clemente, morto com um tiro.
Wanderson roubou a caminhonete da última vítima para fugir. Segundo a sobrevivente, ele era amigo da família e atirou em Roberto Clemente enquanto os dois tomavam um refrigerante. A sobrevivente disse à polícia que se fingiu de morta após ser baleada para escapar.
Em 2019, Wanderson foi preso por tentativa de assassinato da ex-mulher a facadas. Ele deixou a prisão em março deste ano. O secretário de Segurança Pública disse acreditar que os antecedentes sirvam como agravantes para garantir pena máxima ao acusado no novo julgamento.
Ele rebateu ainda críticas de que a operação policial para sua captura tenha sido mal dimensionada, em comparação com o caso Lázaro, que envolveu centenas de homens e teve grande divulgação.
Segundo Miranda, era necessário naquele momento apresentar Lázaro à população, para que colaborasse nas buscas, que envolviam uma área muito maior. Agora, diz, os serviços de inteligência tinham informações sobre o caminho que Wanderson seguia em sua fuga.
Durante a fuga da polícia, Lázaro cometeu uma série de novos crimes -baleou moradores de uma chácara, fez de reféns em outra, roubou carros e armas. Trocou tiros com um funcionário de uma fazenda e também com policiais.
Em julho, a Polícia Civil de Goiás indiciou cinco pessoas suspeitas de fazerem parte da rede de proteção montada para dar apoio a Lázaro, entre eles sua mulher, sua ex-companheira e sua ex-sogra, um fazendeiro e um caseiro da região.
O criminoso acumulava quatro mandados de prisão quando foi localizado e morto após confronto com a polícia.
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