A Polícia Civil de Minas Gerais encontrou um cabo enrolado em uma das hélices do avião bimotor que transportava a cantora Marília Mendonça, 26, de Goiânia (GO) até Caratinga (MG), onde ela faria show na sexta-feira (5). Marília e outras quatro pessoas morreram na queda do avião.
Na sexta-feira, a Cemig, companhia energética mineira, confirmou em nota que o bimotor atingiu um cabo de uma torre de distribuição da companhia, além de dizer que a torre "está fora da zona de proteção do aeródromo de Caratinga, nos termos de portaria específica do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), do Comando da Aeronáutica Brasileira".
"A gente só pode afirmar que esse é o cabo que se rompeu quando tiver o laudo pericial", disse ao Jornal Nacional o delegado regional de Caratinga, Ivan Sales.
O avião caiu ao lado de uma cachoeira na serra de Piedade de Caratinga, que fica a 309 quilômetros de Belo Horizonte e a cerca de dez quilômetros de Caratinga, onde pousaria.
Apesar das evidências de que houve colisão com o cabo de uma torre de distribuição de energia, especialistas afirmam que ainda não é possível saber se as falhas que provocaram o acidente ocorreram antes da colisão ou logo após.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da FAB (Força Aérea Brasileira) investiga o acidente e não informou em quanto tempo o relatório final com as conclusões das análises deve ficar pronto.
Em paralelo, a Polícia Civil apura responsabilidades criminais pela tragédia. A etapa inclui depoimentos de testemunhas e levantamento da documentação sobre a aeronave e a empresa proprietária.
Os destroços do avião foram retirados do local do acidente neste domingo (7). A aeronave foi dividida em pedaços para facilitar o transporte. Os pedaços serão levados para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Já os dois motores vão para Sorocaba, no interior de São Paulo, onde atua um perito especializado nesse tipo de trabalho.
A empresa PEC Táxi Aéreo, de Goiânia, dona da aeronave, elogiou o trabalho de Geraldo Martins de Medeiros Júnior, 56, que pilotava o avião, e Tarciso Pessoa Viana, 37, que era copiloto no voo. "A tripulação engajada na operação tinha grande experiência de voo e também estava devidamente habilitada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), com todos os treinamentos atualizados", dizia uma nota.
A aeronave, de modelo C90A, custa em torno de US$ 2,5 milhões, o equivalente a R$ 13,8 milhões. Raul Marinho, gerente técnico da Abag, a Associação Brasileira de Aviação Geral, afirmou que este é um dos modelos de bimotores mais seguros do mundo. Em dez anos, houve apenas 15 acidentes no Brasil com o modelo.
Segundo a Anac, o avião estava com o CVA, Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade, válido até 1º de julho de 2022. A empresa já havia recebido uma denúncia anônima sobre as condições do avião que levava Marília Mendonça. O órgão, no entanto, afirmou à reportagem que um suposto aquecimento dos para-brisas do avião foi rejeitado, após ter sido constatado que a peça havia sido trocada.
Marília Mendonça foi enterrada no início da noite de sábado (6), no cemitério Parque Memorial Goiânia, junto ao seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho. O produtor musical Henrique Ribeiro, morto também no acidente, foi enterrado em Salvador, também no sábado. Ele trabalhava havia seis anos com a cantora e antes havia sido produtor do sertanejo Cristiano Araújo, também vítima de um acidente fatal em 2015. Os corpos do piloto e do copiloto foram sepultados domingo, no Distrito Federal.
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