O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), foi alvo na manhã desta quinta-feira (10) de mandados de busca e apreensão em sua casa e em seu gabinete no Palácio da Cidade. A ação é parte da investigação sobre um suposto esquema de corrupção na prefeitura.
Agentes da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro cumprem no total 22 mandados expedidos pelo 1º Grupo de Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, foro especial para investigação contra prefeitos.
Candidato à reeleição, Crivella é alvo de operação dois dias após as buscas na casa do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), já oficializado como seu adversário na disputa pela prefeitura.
O inquérito contra Crivella, cujo conteúdo integral está sob sigilo, foi aberto no ano passado com base na delação premiada de Sérgio Mizrahy, um agiota da zona sul da cidade.
Ele apontou o empresário Rafael Alves, ex-dirigente do Salgueiro e da Viradouro, como o responsável por cobrar propina na Riotur. A empresa municipal de turismo é presidida por seu irmão, Marcelo Alves.
O delator disse que Rafael Alves cobrava propina de empresas contratadas pelo município ou que têm dívidas a receber de gestões anteriores. O agiota disse que recebia cheques do empresário recebidos como vantagem indevida para trocar por dinheiro vivo.
Mizrahy não entregou evidências do envolvimento direto do prefeito em seus anexos oferecidos aos procuradores e homologado pela Justiça. Mas a proximidade de Rafael Alves com Crivella colocou o bispo licenciado da Igreja Universal como um dos alvos da apuração. A apuração tem fotos dos dois caminhando e conversando na Barra, onde moram.
Esta é a segunda vez que agentrs da polícia e do MP-RJ fazem buscas no curso do inquérito. Não há uma denúncia contra Crivella.
Alves foi doador de campanha do PRB, antigo nome do Republicanos, desde 2012. Tanto a sigla como Crivella receberam do empresário R$ 745 mil nas eleições de 2012 e 2014.
Na eleição de 2016, quando Crivella foi eleito, ele não aparece como doador na prestação de contas do prefeito. Mas segundo relatos feitos à Folha, atuou como arrecadador para a campanha.
Após a vitória, ganhou um afago: foi convidado por Crivella para uma viagem em Israel.
Na administração atual, a Riotur é sua área principal de influência. O órgão é responsável por organizar o desfile no Sambódromo, espaço no qual Rafael, ligado a escolas de samba, transita com facilidade. A empresa também organiza as festas de Revéillon.
Segundo relatos, Rafael se comporta como se fosse o verdadeiro presidente da Riotur. Ele tem uma sala na sede de empresa municipal, fica rodeado por seguranças na pista da Sapucaí e distribui para amigos coletes destinados para os que trabalham na supervisão do desfile.
A relação do empresário com o prefeito não é sempre harmônica. Ele tentou, sem sucesso, convencer Crivella a não retirar o apoio financeiro de R$ 2 milhões que o município dava a cada escola de samba. Ao mesmo tempo, conseguiu manter sob seu domínio a Riotur mesmo após a criação da Secretaria de Turismo entregue ao PP.
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