A Polícia Civil do Rio de Janeiro disse que identificou 7 das 8 pessoas encontradas mortas no Complexo do Salgueiro, na região metropolitana do Rio, após uma operação da PM (Polícia Militar) no domingo (21). Segundo a corporação, duas delas não tinham passagens pela polícia. Os nomes não foram divulgados.
De acordo com a polícia, um dos mortos que não possui anotações criminais também estava com roupa camuflada semelhante à do restante do grupo.
Os corpos das vítimas foram retirados de um manguezal por moradores na manhã desta segunda-feira (22). Segundo relatos, eles apresentam sinais de tortura. Em nota, a Polícia Militar disse que instaurou um inquérito para investigar as circunstâncias da operação.
Em seu perfil no Twitter, a FAFERJ (Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro) diz que já seriam 14 pessoas mortas, três delas meninas. "A prática da Polícia Militar no Complexo do Salgueiro em São Gonçalo foi a mesma dos traficantes que mataram o sargento. Executaram 14 pessoas, inclusive três meninas. Alguns, sem passagem. Isso é uma operação bem sucedida? Existe constituição nas favelas do Rio", questionaram, marcando o perfil do Supremo no Twitter.
Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Rio, Nadine Borges está acompanhando o caso e diz que foram encontrados 11 corpos, dos quais nove estão no IML (Instituto Médico-Legal). A Polícia Civil ainda não confirmou esse número.
Em junho do ano passado, o ministro Edson Fachin, STF (Supremo Tribunal Federal), proibiu operações em favelas do Rio de Janeiro enquanto durasse a pandemia -em agosto, a maioria da corte manteve a decisão. Caso a polícia precise fazer operações, é necessário avisar ao Ministério Público com antecedência.
Segundo o Ministério Público do Rio, a polícia avisou que faria a operação no Complexo do Salgueiro.
O clima no local tornou-se tenso no sábado (20), quando o policial militar Leandro da Silva foi morto a tiros durante um patrulhamento.
No dia seguinte, o Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio) efetuou uma operação na comunidade após receber informações de que uma das pessoas que atacaram o agente estaria ferida na região.
Durante a ação, uma idosa foi baleada e encaminhada para o hospital estadual Alberto Torres, em São Gonçalo. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, neste ano, 25 idosos já foram baleados na região metropolitana no Rio e 9 deles morreram.
A polícia diz ainda que, durante a operação, os agentes foram atacados em uma área de mangue, na qual ocorreu troca de tiros com suspeitos.
Os policiais apreenderam munições de fuzil, cinco carregadores e uniformes camuflados. Os corpos encontrados pelos moradores estavam perto da área em que houve o suposto confronto.
Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Rio, Nadine Borges diz que ação pode ter sido uma represália à morte do PM. "O que nós sabemos dos moradores é que há muita tensão e muito medo. Ao que tudo indica, foi uma represália à morte do policial no sábado. É um caso muito grave", diz ela.
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